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Bicentenário de Itajaí e do Curato do Santíssimo Sacramento
Itajaí não tem, na verdade, um fundador e uma data exata de fundação. A gênese de um marco de fundação da cidade ocorreu em 1815, quando Santa Catarina recebeu a sua primeira Visita Pastoral na pessoa de dom José Caetano da Silva Coutinho, bispo do Rio de Janeiro. Era a primeira visita do bispo diocesano à Província de Santa Catarina que, quando em trânsito pela foz do rio Itajaí faz descrições sobre o que via, fala dos moradores do lugar e, por fim, permite a edificação de uma capela, dizendo: “na profunda e formosa barra do Itajaí, onde há muitos moradores de cá e de lá do rio, permiti que se edificasse uma capela ou oratório ao menos para a missa...” Essa permissão de edificar uma capela se concretizou em 1823. No ano seguinte, a 31 de março, a capela foi elevada à condição de Curato, produzindo-se o primeiro documento oficial que arregimentou os esparsos moradores em volta daquele pequeno templo, fazendo nascer a póvoa que é hoje a cidade de Itajaí. Nosso certificado de existência legal e autônoma dentro de um território delimitado foi o da criação do Curato. “Embora o documento tenha sido produzido por uma autoridade eclesiástica, o que ele determinava tinha também efeito civil, porque, na época, havia no Brasil a união entre Estado e Igreja. O culto católico era considerado um serviço público e os bispos e padres eram tidos como servidores públicos e remunerados para tal. A provisão que certificou o nascimento de Itajaí saiu lavrada deste modo: Dom José Caetano da Silva por Mercê de Deus e da Santa Sé Apostólica Bispo do Rio de Janeiro...” (Pequena História de Itajaí – Edison d´Ávila).
A primeira instituição oficialmente fundada em Itajaí foi a paróquia Santíssimo Sacramento, como Curato, em 1824, fazendo nascer a Vila do Santíssimo Sacramento do Itajaí, um marco na fundação da cidade. A provisão, documento com o qual a autoridade eclesiástica autorizara o exercício da função de capelão e cura a frei Agote e criara um novo ente jurídico na sua circunscrição, o curato do Santíssimo Sacramento de Itajaí, transformou-se, por conseguinte, no certificado de nascimento de Itajaí.
Com a elevação da Capela à condição de Curato e a consequente vinda de um Cura, concretizou-se uma importante organização, não somente religiosa, dentro de princípios evangélicos, litúrgicos e espirituais, mas também de efeito civil, criando-se, assim, oficialmente, o primeiro órgão público do lugar. No Histórico da administração itajaiense, o que de mais antigo se encontra é o ano de 1824, ano este em que se criava o curato de Itajaí, com a nomeação de seu primeiro Vigário, o Frei Pedro Antônio Agote, da ordem do Franciscanos.
Quando, em 1974, se comemorou os 150 anos do Curato, o historiador e jornalista Silveira Jr confirmou a importância do documento editado pelo bispo do Rio de Janeiro em relação à fundação de Itajaí: Não há dúvida que antes dessa data (31 de março de 1824) Itajaí não existia como comunidade organizada. Por isso, o sesquicentenário da fundação da paróquia se fundamenta no mais antigo documento incontestável de nossa fundação como aglomerado urbano e seria justo que fosse condignamente relembrado.
No dia 31 de março de 2023, abriu-se o Ano do Bicentenário, que será encerrado em 8 de dezembro de 2024. É uma celebração que inegavelmente diz respeito a todos os itajaienses!