Velejar

De Itajaí ao mundo: a jornada de Osvaldo

Velejador e escritor revisita sua trajetória pelo mar e lança nova obra após os 70 anos

Osvaldo teve primeiro contato com a vela no Saco da Fazenda (Joca Baggio)
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Nascido no Paraná, mas itajaiense de coração, o velejador e escritor Osvaldo Hoffmann Filho mantém uma ligação profunda com a cidade. Uma relação que começou em meados da década de 1970 e se mantém até hoje. Foi em Itajaí que ele viveu amores de adolescência e descobriu uma paixão duradoura: o mar. Ainda estudante de Arquitetura em Curitiba, Osvaldo iniciou ali sua formação náutica. “Sou um paranaense que devo minha formação náutica a Santa Catarina, a Itajaí. Sempre fui e continuo aficionado pela cidade. É uma relação de amor que perdura até hoje.”

Foi no Saco da Fazenda que o jovem Osvaldo teve seu primeiro contato com a vela. Conheceu o veleiro Diana, embarcação de madeira com dois mastros, onde aprendeu os primeiros movimentos sob a orientação do capitão Dalmo Vieira, advogado, jornalista e fundador do jornal DIARINHO. Na época, Osvaldo era colega de Dalmo Vieira Filho no curso de arquitetura, e aproveitava qualquer oportunidade para visitar Itajaí.

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“A primeira vez que entrei em um veleiro foi no Diana. Depois, construímos um barco de madeira aqui no Saco da Fazenda, com orientação do capitão Dalmo. Era uma embarcação precária, meio romântica. Mais tarde, quando já estava formado e com alguma estabilidade financeira, comprei um barco pequeno, de 23 pés, e comecei a velejar de verdade. Fui evoluindo, tanto na técnica quanto no tamanho dos veleiros”, relembra.

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O que Dalmo talvez jamais imaginasse era que, anos mais tarde, o jovem aprendiz se lançaria ao mar em grandes travessias. Primeiro, navegou por toda a costa brasileira. Depois, ampliou seus horizontes: percorreu os mares do Caribe, cruzou o Atlântico diversas vezes, contornou a Europa e parte do continente africano.

A cada desafio, Osvaldo avançava um pouco mais. “Naquela época, navegar de Paranaguá a Itajaí era como atravessar o Cabo da Boa Esperança”, brinca. Em 2002, adquiriu um veleiro Delta 36, o Zimbros. Com ele, participou da Regata Internacional Recife-Fernando de Noronha. Foi ali que germinou a ideia da primeira travessia transatlântica. Anos depois, trocou o Zimbros por um Jeanneau 39, comprado em La Rochelle, na França. Era o início de sua jornada pelos oceanos, embora, modestamente, ele ainda se defina como um “capitão amador”.

Nascimento do escritor

Foi durante a primeira travessia do Atlântico que nasceu o embrião de seu primeiro livro, Retratos de Viagem, publicado em 2008. Entre momentos de contemplação, autoconhecimento e solidão, Osvaldo passou a registrar o cotidiano da viagem em um diário de bordo manuscrito. Mais tarde, transcrevia os relatos pro computador e os enviava por e-mail aos amigos.“Foi com base nesses e-mails, enviados ao longo de dois anos, que fiz um compilado. Com o incentivo do velejador e editor Tarcísio Matos, publiquei o livro. E não importa a qualidade literária, você passa a ser visto de forma diferente, até dá entrevista”, conta, aos risos. “Mas uma aventura como essa, ou loucura, como queiram, é cheia de emoção, e isso precisa ficar registrado.”

Agora, vem aí sua segunda obra. Aos 71 anos, Osvaldo encarou mais uma travessia. A bordo de um Hanse 418, partiu de Greifswald, cidade costeira ao norte da Alemanha, no paralelo 54ºN, com destino ao Brasil. O ponto de chegada? Mais uma vez, Itajaí. “Bem de saúde, mal de juízo e sempre incontido”, brinca sobre si mesmo.

O manuscrito dessa nova aventura foi escrito à mão, a lápis, em um caderno que o acompanhou por toda a viagem. Assim, ele podia fazer pequenas alterações ao longo do trajeto. Agora, está nos ajustes finais antes de enviar o texto ao editor. A expectativa é lançar a obra no próximo ano.

Turbilhão de emoções

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Mais do que uma aventura desafiadora, enfrentar o oceano é, para Osvaldo, um exercício de autoconhecimento. “É uma emoção em todos os sentidos, para cima e para baixo”, define. O tédio e o medo convivem com a euforia e a sensação de conquista. Vitória e frustração, solidão e êxtase se alternam ao sabor dos ventos.

“Você passa dias, semanas, no mar. Precisa ter planejamento, pensar em múltiplas possibilidades. Aprender a conviver com os tripulantes, muitas vezes em espaços minúsculos. Mas, acima de tudo, aprender a lidar consigo mesmo”, reflete.

Nas horas de calmaria, resta ao velejador pensar sobre a vida, os anseios, a humanidade. O contato com o universo — com as estrelas, o nascer do sol e da lua — pode parecer romântico, mas revela a vulnerabilidade humana diante da natureza. “É algo que nos transforma. Trabalhar com isso engrandece. Principalmente, quando se aprende a conviver com o próprio silêncio”.




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