O advogado criminalista Marcelo Schutz, de 46 anos, registrou boletim de ocorrência acusando de agressão o comandante da Polícia Militar de Balneário Camboriú, Rafael Vicente. O caso teria acontecido dentro do Redbarn, na rua Caboclinho, no bairro Ariribá, na noite de sábado. A confusão teria iniciado no espaço kids, envolvendo crianças, e terminado com o militar agredindo o advogado.

Segundo o boletim de ocorrência e vídeo divulgado pelo advogado, ele estava no restaurante com a esposa e seus três filhos – de três, cinco e 11 anos. A família sentou-se em frente ao espaço kids, quando o filho de Marcelo chamou sua esposa, porque a mãe de outra criança queria falar com ela. O advogado contou que, ao olhar para o espaço kids, viu a mãe de uma criança, o comandante da PM de BC e um amigo gritando com sua esposa, Larissa.

“De repente, eu vi dois homens alterados, um muito alto e um de estatura média, e uma moça gritando com a minha mulher, chamando meu filho de bandido. Eu me levantei e falei assim: o que está acontecendo aqui, pessoal? Que gritaria é essa com a minha esposa? Aí o tenente-coronel, comandante da Polícia Militar de Balneário Camboriú, me desferiu um soco que cortou a minha língua. Ele e o amigo dele, o César, um grandão que estava junto, vieram pra cima, vieram me chutando”, contou o advogado.

Pelo relato, ele desmaiou e caiu no chão, onde teria recebido mais chutes. Toda a confusão e agressão aconteceram na frente das crianças que estavam no espaço kids.

“Quando eu falei que era advogado, que eu sou da cidade e que eu ia ligar pro 190, ele falou que ‘era comandante dessa porra de cidade’ e ameaçou me matar. Quando eu peguei meu telefone e comecei a filmar, essa filmagem que eu tenho agora, que eu juntei aqui nos autos, onde aparece a esposa do Rafael Vicente, comandante da nossa PM, que era pra ser exemplo.... Afinal eram duas crianças brincando, que se machucaram. Agrediram o pai da criança como se fosse culpado de duas crianças se machucarem brincando”, desabafou o advogado.

O advogado também relatou que ligou três vezes para a central de emergência da PM. Na primeira vez a ligação caiu e nas outras duas ninguém atendeu. Nenhuma viatura foi até o local. Ainda segundo o advogado, o segurança do restaurante chamou o tenente-coronel Rafael Vicente de “chefe”.

Como a viatura da PM não foi até o local, Marcelo decidiu ir embora do restaurante para registrar a queixa na Polícia Civil. “Tenho a filmagem em que aparece a esposa do tenente-coronel Rafael Vicente. Estou indo lá fazer o corpo de delito, estou com a perna machucada, estou com muita dor de cabeça devido às agressões na cabeça, estou indo no hospital agora fazer raios-x, estou até falando com dificuldade devido ao machucado na boca. Eu acredito que ele, como policial militar, uma instituição sagrada que é a Polícia Militar do Estado de Santa Catarina, uma das melhores do país, devia ser um cara equilibrado, não estar bêbado ou alterado, e deveria ir lá resolver, pacificar”, diz em vídeo em frente à delegacia, após registrar o BO.

A vítima disse ainda que pretende levar o caso à corregedoria da PM, com todas as provas que tem. Segundo ele, antes de sair do restaurante um conhecido do comandante teria pedido para que deixasse a situação “quieta”. “Veio o amigo do Rafael pedindo para eu não fazer nada, senão as coisas poderiam ser piores. Não vou deixar nada quieto, vou levar o caso adiante. Meus filhos acordaram assustados de madrugada, pedindo para o papai não apanhar”, continua.

Ouvido pelo DIARINHO, o comandante da PM de Balneário Camboriú afirmou que está em Florianópolis desde sexta-feira e que nem ele nem a esposa estiveram no Redbarn na noite de sábado. “Não confere, estou em Florianópolis desde sexta-feira”, disse ao DIARINHO. Ele garantiu que sua esposa também não esteve no bar e que deve ter sido confundido com alguém. “Serão tomadas as medidas judiciais cabíveis contra ele pelo crime de calúnia, bem como os danos morais causados”, afirmou à reportagem do DIARINHO.