WARUNG CLUB
Templo da música eletrônica é destruído por incêndio na Brava
Pista principal e a fachada icônica, em madeira, foram consumidas pelas chamas. Clube não tinha seguro da estrutura
Franciele Marcon [fran@diarinho.com.br]








Um incêndio devastou o Warung Beach Club, em Itajaí, considerado o templo da música eletrônica do Brasil e um dos melhores clubes do mundo em seus 20 anos de existência. As chamas que destruíram o empreendimento da praia Brava iniciaram por volta das 10h30 de quarta-feira. O prejuízo chega à casa dos R$ 4 milhões e o local não dispunha de seguro.
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No momento que o incêndio começou, somente o vigia estava no local. Ele escutou um estouro e, quando abriu a porta viu as labaredas já altas, perto da área onde ficam os caixas e os DJs da casa. Ele não se feriu.
Segundo a direção do Warung, o fogo começou pela pista principal, que era toda de madeira. A pista nova, a Garden, que é de alvenaria, não chegou a ser atingida pelo incêndio. O escritório e os fundos da casa noturna também foram preservados. Seis caminhões e 20 bombeiros atuaram no combate ao incêndio. Foram usados 152 mil litros de água até o rescaldo.
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Uma área de cerca de 2800m² foi atingida pelo fogo, destruindo a pista original da casa noturna, que era toda em madeira. A vegetação ao redor do clube, composta de muita restinga, e o residencial Bravíssima não foram atingidos pelas chamas. Somente árvores internas do Warung foram queimadas.
Carlos Trossini, diretor do Grupo Taroii, vizinho ao Warung, informou que funcionários do Bravíssima trabalharam com mangueiras para afastar as chamas do condomínio. Por conta do vento, as labaredas chegaram bem próximas do local. Carlos lembra que quando o Bravíssima foi projetado, foram deixados 15 metros de recuo - o que foi determinante para que fogo não atingisse o residencial.
No Warung havia dois galões de diesel usados para o gerador de energia. Segundo os bombeiros, um galão foi atingido. Para acabar com as chamas foram quase três horas de trabalho, com atuação dos bombeiros de Navegantes, Balneário Camboriú e Itapema.
No final da tarde de quarta, uma retroescavadeira cedida pelos proprietários da casa noturna ajudou a derrubar paredes que podiam desabar, possibilitando também a remoção de entulhos e a extinção de focos de incêndio sob o chão.
Prejuízo milionário
O clube não dispõe de seguro contra sinistro. “A pista principal, a original do Warung, foi toda consumida pelo fogo. O clube não tem seguro. A estrutura de madeira as seguradoras não aceitam segurar, infelizmente”, explicou a casa noturna.
Somente no último ano, o Warrung investiu R$ 4 milhões em obras na pista Garden e algumas melhorias na pista principal.
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Perícia apura causas; futuro é incerto

O Corpo de Bombeiros fará uma perícia em conjunto com a Polícia Científica para identificar as causas do incêndio. O espaço estava com alvará de funcionamento em dia até maio de 2023.
“A avaliação pericial já iniciou, amanhã [quinta] serão realizadas as demais etapas da metodologia de investigação de incêndio, como escavação, esquadrinhamento e exame dos materiais e marcas da combustão”, adiantou a corporação.
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O futuro do clube ainda é uma incógnita. Na tarde de quarta-feira, houve comentários sobre uma suposta vaquinha on line para arrecadar dinheiro para a recuperação do clube, mas os donos do empreendimento ainda não confirmaram se vão aderir à iniciativa.
Incêndio comoveu a internet; DJs famosos lamentaram incêndio

Área de 2800m² foi atingida pelo fogo
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O Warung Beach Club completou duas décadas de existência em novembro de 2022 e sempre figurou entre os 10 principais clubes de música eletrônica do Brasil e do mundo.
Um dos diferenciais era o espaço de 2 mil metros quadrados de área em meio à Mata Atlântica, no canto do Morcego, justamente a parte da orla mais preservada da praia Brava.
Milhares de pessoas passaram pela casa noturna, que ficou popular por manter o que se considera "música eletrônica raiz" e uma curadoria musical especializada. A popularidade do Warung fez com que incêndio chegasse ao assunto mais comentado na rede social Twitter.
Muitos DJs que tocaram no clube postaram mensagens de força. Um deles foi o projeto Binaryh que tocou neste mês de fevereiro no local. “Queremos deixar aqui esses registros da nossa estreia no @warungbeachclub. É assim que queremos ter o club em nossas memórias: cheio de energia e alegria. Desejamos força e luz à toda equipe”, escreveu um dos ícones da música eletrônica brasileira.
O DJ americano Dubfire disse que acordou nesta quarta-feira com imagens terríveis do incêndio no Warung. “Estou de coração partido. Mandando meu amor para a família Warung enquanto todos nós esperamos descobrir como isso pode ter acontecido”, escreveu.
O clube é tocado pelos sócios Gustavo Conti, fundador; Carlos Francisco Civitate Júnior, o Jeje, João Mansur e Edwino Von Borstel Neto, o Neto.
O clube tem 20 funcionários contratados diretamente e em dia de festas chega a contar com 400 pessoas envolvidas na operação, entre seguranças, brigada de incêndio, limpeza e garçons.
Dejour Club naufragou antes da inauguração
O incêndio que destruiu o Warung não foi o único episódio devastador de um atrativo de lazer do litoral de Santa Catarina. A Dejour Club, que seria o primeiro clube flutuante itinerante do Brasil, foi destruído no dia 10 de agosto de 2022 em Balneário Camboriú, poucos meses antes da inauguração. A estrutura estava 100% construída, com investimentos de R$ 7 milhões, e passava por ajustes finais para inauguração.
A plataforma estava ancorada junto à margem do rio Camboriú, no bairro da Barra, mas foi arrastada durante a passagem de um ciclone pelo litoral de Santa Catarina. O clube funcionaria a cerca de 250 metros da praia, na orla da Barra Sul, onde ficaria fundeado.
Na ocasião, a estrutura, que também não era segurada, foi arrasada. O clube tinha como sócios Lucas Araújo, Reinaldo Oliveira, Marlon Cristiano e Álvaro Garnero.