Leonézio Macarini, proprietário do estaleiro D’Leon, discorda que a carpintaria naval esteja com os dias contados. “Embora estejamos vendo uma significativa redução na produção dos barcos pesqueiros (por uma série de motivos que englobam desde as dificuldades nas liberações para construção de novas embarcações e pela redução nas cotas de captura até o aumento no custo da madeira), sempre haverá demanda para reparos. Não seremos nós que atestaremos o fim dessa tradição”, opina.
Para driblar os problemas decorrentes da redução das encomendas de embarcações de pesca, Leonézio direcionou a produção de seu estaleiro e hoje produz também embarcações de recreio e lazer. Sua empresa começou a fazer serviços de manutenção nas embarcações da empresa Barco Pirata, de Balneário Camboriú, e em 2012 construiu uma das naus que compõem a frota: o barco Aventura Pirata.
A embarcação atendeu às expectativas dos investidores e hoje o estaleiro D'Leon está construindo o galeão Santa Trindade, com 36 metros de comprimento, 10 metros de boca e pontal de 3,4 metros. “É o maior barco temático do Brasil em madeira”, destaca Leonézio. Para ter ideia do tamanho desse galeão, ele equivale a dois barcos pesqueiros de um bom tamanho. Os testes na água devem acontecer no final de outubro e a viagem inaugural é prevista para o feriadão do dia 15 de novembro. Seu custo está em torno de R$ 6 milhões.
Leonézio é natural do Rio Grande do Sul, onde sua família trabalhava com serraria e agricultura. Seu pai veio para o litoral na década de 1970 para trabalhar no estaleiro Brandino, em Itajaí. Ele começou a fazer mobiliário para embarcações de lazer e em seguida se tornou um carpinteiro naval. Foi ele que ensinou o ofício para o filho.