Calçadão da central

Luciene Calçados fecha as portas após 50 anos

Ponto se consagrou como a primeira loja de calçados de Balneário Camboriú

Loja funcionou durante 56 anos no calçadão da avenida Central (Foto Divulgação)
Loja funcionou durante 56 anos no calçadão da avenida Central (Foto Divulgação)
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Às seis horas da tarde deste sábado a loja Luciene Calçados fecha as portas pela última vez. Após 56 anos de funcionamento ininterrupto no mesmo endereço, a avenida Central, 800, no centro de Balneário Camboriú, os donos da loja decidiram encerrar o tradicional comércio.

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A decisão, que se concretiza neste sábado, foi tomada há cerca de um ano, após a comerciante Luciene Vieira, de 54 anos, o irmão Marcelo Luiz Vieira, de 52, e os pais e fundadores da loja ...

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A decisão, que se concretiza neste sábado, foi tomada há cerca de um ano, após a comerciante Luciene Vieira, de 54 anos, o irmão Marcelo Luiz Vieira, de 52, e os pais e fundadores da loja, Luiz de Aquino Vieira, de 80, e Ivete Fonseca Vieira, de 73, contabilizarem quatro anos com vendas insuficientes para manterem o negócio lucrativo.

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“A decisão foi essencialmente financeira: a loja não estava mais alcançando resultado para manter o negócio sustentável. Mas também houve desgaste dos sócios após tantos anos de varejo físico”, explica Luciene, que foi homenageada pelos pais com o nome da loja.

Decisão planejada

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Luciene explica que o fechamento foi planejado e compartilhado com os colaboradores e fornecedores. “Importante frisar: a loja não faliu, tampouco está inadimplente com seus colaboradores, fornecedores ou governos. Fomos conseguindo desligar os funcionários com tranquilidade durante o período de pandemia”, explica.

A decisão não foi fácil já que, segundo Luciene, não é clichê dizer que o comércio era uma grande família. “Nossa gerente tem 39 anos de casa. Nossos colaboradores atuais têm 27 anos, 12, 17 e 29 anos de trabalho em nossa empresa”, conta.

Para fechar a loja com o menor estoque possível, desde dezembro Luciene está com uma grande promoção. Do estoque original, sobraram apenas cerca de 10% das mercadorias. 

E o que fica após meio século de trabalho no comércio? “Sentimento de dever cumprido e de profunda gratidão. A loja nos oportunizou conexões profundas e grande credibilidade. Participamos do crescimento da cidade e das decisões que moldaram seu futuro. Estivemos com nossos clientes em momentos felizes, como casamentos, batizados, formaturas. Com eles aprendemos que nossas singularidades são nossa maior riqueza. E que respeito e empatia são uma construção de mão dupla”, conclui, emocionada, a comerciante.

O prédio da avenida Central será alugado. A família está em negociação com uma empresa de Blumenau, varejista de material de construção, que deve assumir o ponto comercial.

“É uma cidade de praia; ninguém anda de sapatos, somente de chinelos”

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Luiz e Ivete fundaram a loja mesmo com a negativa de empréstimo de gerente de banco

"Bom dia, senhor gerente. Meu nome é Luiz Aquino Vieira e quero investir em uma loja de sapatos aqui em Balneário Camboriú. Venho até o banco verificar a possibilidade de adquirir um empréstimo".

O homem o olhou com ar de desconfiança e uma pitada de descrédito. Em seguida, devolveu: "O senhor tem certeza? Esta é uma cidade de praia, ninguém anda de sapatos, somente de chinelos. Não vai dar certo! – sentenciou o executivo do banco Inco, onde o aspirante a comerciante buscava apoio financeiro para tirar o sonho do papel.

Luiz Aquino virou as costas e saiu banco ainda mais decidido. Abriria uma loja de sapatos, quisesse o banco ou não. A compra da primeira remessa da Loja de Calçados Popular – pioneira do segmento em Balneário Camboriú – foi em São João Batista, até hoje o principal pólo calçadista de Santa Catarina. Com pouco dinheiro no bolso, Luiz Aquino e a esposa Ivete compravam remessas pequenas. Para dar a impressão de que o estoque era maior, pediam aos clientes para que deixassem as caixas dos sapatos na loja, o que ajudava a criar o “volume” nas prateleiras.

Pouco tempo depois, o comércio mudou de nome para Luciene Calçados – homenagem à primeira filha. Em 1969, era uma das poucas lojas da avenida Central. Na mesma via, estavam uma tradicional loja de confecções, um banco, um posto de gasolina e um açougue.

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Para atrair os moradores nativos na baixa temporada, vendia-se à vista, no crediário e também com o apoio das tradicionais cadernetinhas de anotação para pagamento no final do mês. “Eram poucos moradores e clientes. Sabíamos o nome e sobrenome de todos e quase não existia calote”, lembra Luiz.

A esposa Ivete era – e ainda é – uma exímia mulher de vendas. Não havia cliente que saísse de mãos vazias, tamanho o poder de convencimento de que o produto era realmente bom e necessário. A visão empreendedora do casal refletia na equipe e na forma de gerir pessoas. A Luciene Calçados foi uma das primeiras lojas da cidade a implementar ações de incentivo às vendas, em que as melhores profissionais do ano eram premiadas com viagens e recompensas financeiras.

Alguns anos mais tarde, com a loja já firmada, o empresário e a esposa perceberam um novo mercado latente: Balneário Camboriú carecia de um lugar para comprar artigos esportivos na região, em especial itens para a pesca. Surgia um novo negócio, a Marcelo Sports, agora uma homenagem ao segundo filho. A loja foi uma das primeiras da Terceira avenida, endereço ainda pouco comercial e, até então, “longe” do centro da cidade.

A Marcelo Sports ganhou corpo e mercado no segmento, espalhando unidades em diferentes cidades do Estado e investindo forte no comércio online.

* Informações do livro “Uma Porta para o Mundo - Memórias do Comércio de BC”

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