O pátio do Centreventos de Itajaí poderá ser usado como estacionamento livre enquanto o sistema rotativo não for retomado. A proposta foi discutida em reunião na terça-feira entre o prefeito Volnei Morastoni (MDB) e lideranças da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) e Sindicato do Comércio Varejista (Sindilojas), além da Codetran.

As questões operacionais e legais da medida ainda serão analisadas pelo gabinete do prefeito com a Superintendência do Porto de Itajaí (SPI), responsável pela área, que faz parte da Poligonal do Porto Organizado de Itajaí. 

A abertura do pátio do Centreventos para estacionamento partiu de sugestão do presidente do Sindilojas, Bento Ferrari. O sindicato e a CDL agora esperam a definição entre a prefeitura e porto de quando a mudança pode acontecer, se houver legalidade, e como funcionaria a organização do espaço.

De acordo com a CDL, a função dos lojistas, neste caso, é pedir para que os empresários e funcionários das empresas utilizem o estacionamento da Marejada, deixando livre as vagas nas ruas para uso dos clientes do comércio. Atualmente, as vagas públicas ficam sem rotatividade e os lojistas enfrentam reclamações de consumidores sobre a falta de estacionamento.

A CDL e o Sindilojas acreditam que a medida vai ajudar o comércio, mas ressaltam que é apenas um paliativo pra socorrer os lojistas. A proposta prevê que, durante a realização de festas no Centreventos, a organização mude, com o estacionamento do local sendo destinado para os eventos.

Zona azul vai demorar

Antes da reunião com o prefeito, os comerciantes tiveram uma conversa com o secretário de Governo, Jean Sestrem. A promessa é que ainda nesta semana seria encaminhado pra Câmara de Vereadores um projeto de lei sobre o novo modelo de estacionamento rotativo, que precisa ser aprovado pelos vereadores para a realização da futura licitação.

Com todo o trâmite necessário, o lançamento do edital e a volta da zona azul ficariam pro segundo semestre, segundo a CDL. A secretaria de Urbanismo informou que vai divulgar material sobre o processo de licitação até o final de março. A cidade está sem estacionamento rotativo desde dezembro de 2020, quando o contrato da Estapar com a prefeitura foi encerrado.

De acordo com o superintendente do Porto de Itajaí, Fábio da Veiga, o espaço ao lado do Centreventos tem uma autorização federal para que o município o utilize. Ele informa que essa autorização é da Antaq e da Secretaria Nacional de Portos, mediante o pagamento de uma retribuição financeira em cessão onerosa. “Essa cessão onerosa já está aprovada, porém não foi firmada entre o porto e o município. O prefeito já está em conversações para superar essa barreira burocrática para fazer a utilização desse imóvel", explicou.

Pessoal "esquece" os carros nas vagas públicas, reclama dona de loja

A comerciante Jaline Luana Beber, da Orto Vida Produtos Ortopédicos e Hospitalares, tem loja na esquina da rua Joinville com a avenida Sete de Setembro. Ela relata que as queixas dos clientes são constantes sobre a falta de vagas. “E nosso público, em especial, está sofrendo mais ainda, porque são pessoas com necessidades especiais de locomoção”, destaca.

De acordo com Jaline, os motoristas ocupam as vagas de forma abusiva, com os carros ficando o dia inteiro nos espaços. Ela denuncia que inclusive as vagas especiais, como para deficientes, de carga e descarga e da zona branca, não são respeitadas e não há fiscalização no trânsito. “Tá uma bagunça muito grande na cidade inteira”, reclama.

Uma vaga pra deficientes, colocada em frente ao comércio após reivindicação da comerciante, costuma ficar ocupada por motoristas sem dificuldade de locomoção. Com outras vagas do entorno também cheias, Jaline conta que os clientes acabam desistindo de ir à loja por falta de estacionamento. “Não tenho nem noção de quantos clientes a gente perde por falta de vagas”, lamenta.

Sobre a possibilidade de uso do pátio do Centreventos, ela avalia como uma boa ideia, mas que não exclui a necessidade de a zona azul ser retomada com urgência. Jaline observa ainda que a abertura do pátio teria reflexo limitado, porque as pessoas de empresas mais distantes seguiriam parando nas ruas. “Isso beneficiaria mais quem trabalha perto do porto”, considera.