Luto e homenagem
Dona Dinha, uma nona querida, morre aos 108 anos
Uma das nonas mais idosas de Santa Catarina, ficou famosa ao perder o emprego aos 104 anos, reclamar, e ser recontratada
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]





Uma das nonas mais queridas e carismáticas de Santa Catarina partiu no último domingo, aos 108 anos de idade. A vovó Bernardina Angeli Fagundes, ou Dona Dinha, como era conhecida, faleceu em sua residência, na Estrada Geral de Colônia Nova Itália, às 20h30 de domingo, em São João Batista. Nascida em 12 de abril de 1913, filha de italianos, ela atravessou um século de história.
O corpo foi velado na capela mortuária de Colônia Nova Itália, e sepultado segunda-feira, no cemitério São José. Segundo o historiador Paulo Vandelino Kons, até recentemente a Dona Dinha ainda trabalhava e irradiava paz – era uma das últimas representantes do “Berço da Imigração Italiana no Brasil”, e também uma das mulheres mais velhas do Estado.
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Até os 104 anos de idade, ela se gabava de prestar serviço para uma confecção de Porto Belo. A empregadora morreu, e a notícia de que dona Dinha estava desempregada comoveu São João Batista. Acabou recontratada pelos filhos da dona da mesma fiação e voltou a produzir.
O pai de Dinha chegou ao Brasil com 19 anos. Ela era a mais nova entre 10 irmãos e ficou órfã de pai aos oito anos. Sempre residiu na Colônia Nova Itália, onde deu à luz Maria Fagundes Gonçalves, Terezinha Angeli Fagundes e José Santino Fagundes, segundo informou Paulo Kons à revista digital Insieme, de cultura italiana.
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Viúva aos 37
Dinha ficou viúva aos 37 anos quando o marido morreu de câncer no rosto. Ela ficou com três filhos pequenos para criar - o mais novo tinha apenas um ano e um mês. A lavoura garantiu a alimentação da família, e mais recente, junto da filha Terezinha, ela ainda confeccionava estopas. A nona ainda curou-se de um câncer aos 57 anos.
Sua fé era viva – principalmente em relação às atitudes diante da morte e dos mortos. Dinha, segundo atesta o memorialista Saulo Sardo, por décadas, praticou a caridade cristã de “forrar o caixão dos defuntos”. Bastava morrer alguém e ela, de linha e tesoura na mão, ia preparar a forração do caixão.