A unidade de processamento de pescados em Porto Belo fechou em dezembro de 2018. A empresa está em recuperação judicial desde 2015, quando tinha uma dívida de R$ 34 milhões. A direção da Pioneira admite parte dos atrasos, mas garante que tá cumprindo o plano de recuperação judicial acordado com a Justiça.
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De acordo com a ex-funcionária, que pediu para não ter o nome divulgado, muitas pessoas estão sem conseguir um novo trabalho por conta da idade avançada já que trabalharam mais de 30 anos na Pioneira. Agora, para piorar a situação, tão sem receber os direitos trabalhistas.
Ela relata que os demitidos ficaram apenas com o seguro-desemprego e uma pequena parte do fundo de garantia. “Porque nem o FGTS era depositado pela empresa. Eles depositaram por um tempo e depois pararam. Daí a gente conseguiu receber só o que tava lá”, reclama.
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Segundo a trabalhadora, que ficou cinco anos na pesqueira, a empresa chegou a fazer um acordo com o sindicato, mas não cumpriu. Pelo trato, o restante da grana deveria ser pago em 12 parcelas. “Até pagaram algumas parcelas pra uns, mas depois não pagaram mais”, ressalta.
A ex-funcionária diz que ela e o marido, que também trabalhou no local, bem como outros empregados, tão buscando os direitos na justiça, mas observa que o processo judicial também tá demorado. “Os que colocaram na justiça não receberam nada até hoje”, lamenta.
Para a trabalhadora, a Pioneira tem condições de quitar o que deve aos ex-funcionários. “Não entendo porque não pagam os ex-funcionários se eles possuem muitos bens. Ficam enrolando e não pagam os direitos”, desabafa.
Segundo o sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Pesca de Itajaí, a entidade chegou a firmar acordos com a pesqueira, mas a direção da entidade não soube dizer qual a situação atual. O presidente do sindicato, Jotaci Leite, tava indisponível na sexta-feira pra comentar o assunto.
A prefeitura de Porto Belo confirmou que a fábrica fechou as portas no ano passado. Segundo o município, não houve demissão de uma só vez. As dispensas foram ocorrendo aos poucos, ao longo dos anos em que a empresa passou por crises financeiras.
Conforme a prefeitura, a Pioneira chegou a ser a principal empregadora da cidade. Hoje o posto de maior empregados está dividido com grandes lojas como a Havan, Cassol, Fort Atacadista e Komprão.
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Gestor admite atrasos, mas garante que empresa fará os pagamentos
De acordo com o administrador Andrei Cota, que assumiu a gestão da Pioneira em dezembro de 2018, o plano de recuperação está em andamento e a empresa vem pagando o parcelamento aprovado pelos credores, entre bancos, fornecedores, pescadores e funcionários.
O acordo com o sindicato trabalhista também vem sendo cumprido, afirma. “Existem, sim, pequenos atrasos nos pagamentos, ainda em função das dificuldades financeiras, mas a empresa vem cumprindo com esses pagamentos e, ainda dentro do ano 2019, deve honrar com todos os pagamentos propostos”, garante.
Andrei informa que, desde que assumiu, foram realizadas 200 demissões, não sabendo precisar quantas foram ao todo.
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Atualmente, são apenas 35 funcionários tocando a empresa em Porto Belo, num novo modelo de negócio em que a empresa não industrializa mais pescados. A planta de processamento foi desativada, mantendo trabalhos de importação e comercialização.
“Hoje a empresa ainda compra peixe no mercado interno, mas principalmente importa peixes do mercado externo pra revender aqui no Brasil. E quando ela precisa fazer qualquer tipo de industrialização, ela faz em prestadores de serviços em outras cidades, como em Itajaí e Tijucas”, detalha.
Andrei ressalta que a reestruturação da empresa se deu por falta de peixes. “Há vários anos a pesca de sardinha e corvina, que são os principais produtos da empresa, está muito abaixo dos volumes normais. Como a planta é muito grande, fica totalmente inviável”, argumenta.
Com sede em Florianópolis, a fábrica em Porto Belo e um estaleiro em Navegantes, a Pioneira foi fundada em 1959 pelo empresário Arlindo Isaac da Costa, sendo uma das maiores empresas de pesca do Brasil.
Em 2015, quando entrou em recuperação judicial, tinha 400 empregados em Porto Belo e exportava pro Mercosul, Europa, África e Estados Unidos.
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