Itajaí
Dupla é flagrada com 500Kg de semente de marisco
Homens estavam retirando as sementes da pedra da Miraguaia e fugiram, um nadando e outro a pé
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]

Fiscais da fundação do Meio Ambiente de Navegantes (Fuman) impediram ontem que dois homens rapassem o que sobra de mariscos na famosa pedra da Miraguaia, na praia do Gravatá. Quando os fiscais chegaram, a dupla já tinha recolhido meia tonelada de semente de mexilhões. A fiscalização foi chamada por moradores do Gravatá. Quando o pessoal da Fuman chegou no local, por volta das 10h da manhã, os dois desconhecidos tiravam tufos de sementes de marisco usando cavadeiras. Ao verem os fiscais, pularam na água. “Um foi nadando pro alto-mar e outro conseguiu chegar na praia e também fugiu”, conta o morador Antônio Amaro Neuwiem, que fazia filmagens na praia e acabou registrando a ação dos fiscais. A Fuman confirma que a dupla fugiu. Mas os dois homens deixaram para trás vários sacos com algo perto de 500 quilos de semente de mariscos. “A pedra se chama Pedra da Miraguaia por causa dos peixes miraguaia que ali se alimentam. Se retiram os mariscos, os peixes e as tartarugas ficam sem alimentos”, comenta Antônio. De acordo com nota da Fuman, tirar mariscos na pedra é crime ambiental e poderia render multa de até R$ 50 mil. As sementes de mexilhões retiradas dos costões costumam ser vendidas a maricultores de Penha, cidade com o segundo maior cultivo de mexilhões do estado. O problema é que a extração de sementes é proibida, porque detona os bancos naturais dos costões. Como não têm serventia e não podem ser consumidas, as sementes serão destruídas. Falta governo regulamentar Para o professor Gilberto Manzoni, doutor em aquicultura e coordenador do laboratório de Maricultura da Univali, é preciso que o governo federal defina logo a regulamentação para a extração de sementes. Segundo ele, por enquanto, retirar sementes dos costões é ilegal. Uma das alternativas seria definir áreas para a retirada nos costões e fazer o rodízio desses locais. “Seria possível assim um manejo racional”, acredita. Para isso, precisaria haver uma decisão governamental. “Como não há uma gestão na pesca, o assunto ainda não foi debatido”, lamenta. Há alguns maneiras dentro da lei de se conseguir sementes de mexilhões, diz Gilberto. Uma delas é os maricultores instalarem coletores de sementes nos próprios cultivos. Outra é, na hora do manejo das cordas de marisco ou durante a colheita, os produtores reaproveitarem as sementes que são produzidas pelo próprio cultivo. Há ainda a possibilidade dos maricultores de Penha comprarem sementes dos produtos de Palhoça, na grande Floripa. Por lá, segundo ele, os cultivos têm mais facilidade de produção de sementes. A Univali, diz ainda o professor, vem fazendo estudos com a produção de larvas de marisco em laboratório.