Há 15 dias, os tiras da DIC já monitoravam Kaleb e Fabiano pela veiculação de mensagens nazistas. Ontem de manhã, ao fuçar o perfil do Facebook de Fabiano, os policiais encontraram uma porção de imagens, fotos e saudações de cunho nazista. Foi também com a ajuda da rede social que descobriram onde o rapaz tava morando: um hotel na rua Blumenau, na Barra do Rio.
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Fabiano autorizou a entrada dos policiais, que vasculharam o quarto atrás de outros indícios. Lá, encontraram alguns dos cartazes com apologia ao nazismo que o rapaz havia colado no poste em frente à Igreja Matriz, em 20 de abril, além de uma porção pequena de maconha.
O próprio Fabiano dedurou Kaleb aos tiras. Antes mesmo de ser levado à delegacia, acusou o amigo de ser o mentor da ideia de colocar os cartazes. Caguetado pelo comparsa, o segundo suspeito foi preso na casa da família, onde, de livre e espontânea vontade, entregou duas bandeiras com o símbolo do nazismo, além de outros materiais alusivos à ideologia que propõe a segregação de negros, ciganos, judeus, nazistas, homossexuais e outras ditas minorias.
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Divulgar o nazismo é crime
Kaleb e Fabiano foram levados ontem à noite pro complexo Penitenciário da Canhanduba, onde vão responder pelo crime previsto na lei 7716, de 1989, que trata de preconceito. A legislação diz que é crime fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo.
A cana pra quem for pego de calças curtas praticando este tipo de crime vai de dois a cinco anos de reclusão, além de multa.
Natural de Itajaí, Kaleb é conselheiro fiscal do movimento O Sul é meu País, uma organização com sede no Rio Grande do Sul que quer o desligamento de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul do resto do Brasil. Ele teve uma bronca com a dona justa em 2006.
Fabiano tinha uma ordem judicial pra ficar à distância de 500 metros de um moça, por conta de um processo de violência contra mulher.
Níver do Hitler
Heróis não morrem. Parabéns, Führer. Estes eram os dizeres dos cartazes colados na madruga de 20 de abril num poste em frente à lanchonte da Família Lima, que fica na esquina entre as ruas Frederico Augusto Luiz Thieme e Cacildo Romagnani, bem na frente da praça da Matriz. Com a manifestação, a dupla queria comemorar os 125 anos do nascimento do ditador alemón, Adolf Hitler. O cartaz com a frase foi assinado pelo grupo White Front (Frente Branca).
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Ele sabia que era errado, diz o pai
Ontem, o ceramista e ambientalista itajaiense Pedro Frutuoso, pai de Kaleb, tava indignado. Não com a polícia, mas sim com o filho. Sou contra isso. Tá errado o que ele fez, e ele tem que pagar, pois sabia que era errado e ilegal, disse Pedro, sem esconder a tristeza pela enrascada em que o filho mais velho se meteu.
De acordo com o ceramista, Kaleb se formaria em dois meses na faculdade de Educação Física da Univali. Pedro Frutuoso disse que apesar das conversas, dos conselhos e do exemplo dentro de casa, o rapaz enveredou pelo caminho errado. Faz anos que venho conversando, mostrando o caminho, mas cada ser humano é um, tem a cabeça diferente, lamentou, fazendo questão de dizer que essa história de neonazista é coisa de Kaleb. A família não tem nada a ver com isso; nós somos contra, concluiu.