A obra de recuperação do antigo Mariner Plaza Hotel, na esquina da rua Olímpio Miranda Junior com a Lauro Müller, no centro de Itajaí, foi embargada pelo Corpo de Bombeiros na segunda-feira.

A reforma do prédio, que tem nove andares, rolava de boa, mesmo sem a aprovação do projeto de prevenção contra incêndio, o que é proibido por lei.

O antigo Mariner foi comprado pela multinacional Accor, da França, e pela rede de Hotéis Pires, de Balneário Camboriú. O prédio deve abrigar uma unidade do Novotel, uma das muitas marcas da Accor.

O projeto de prevenção contra incêndio é o primeiro item que qualquer obra deve ter antes do início do trampo. O tenente Douglas Tomaz Machado, dos bombeiros, informa que o hotel apresentou um plano em novembro do ano passado, mas que foi reprovado. Por isso, os trabalhos não poderiam ter iniciado.

O tenente explica que o projeto contra incêndio prevê itens que garantem a segurança das pessoas em caso de um incêndio, como saídas de emergência, iluminação de emergência e escadas para escape. Esse sistema preventivo é obrigatório em todas as edificações e é exigido justamente pra evitar tragédias como aquela da boate Kiss, em Santa Maria/RS, onde 242 pessoas morreram.

Projeto fora das normas

Como o projeto apresentado pela empresa responsável pelas obras não estava de acordo com as normas dos bombeiros, ele foi indeferido. Por isso, não poderia ter iniciado a reforma. “É só a partir da aprovação do projeto pelos bombeiros que a obra pode começar”, explica Douglas.

Caso o hotel descumpra a determinação dos bombeiros, os responsáveis correm o risco de serem multados em R$ 10 mil.

O DIARINHO tentou vários contatos telefônicos com representantes do grupo Pires. Não encontrou os responsáveis e nenhum dos recados deixados foram retornados até o fechamento da edição.

Edifício comprado em leilão por multinacional

O antigo hotel Mariner fechou as portas em 2011, por determinação da justiça. O hotel funcionava sem alvará, habite-se, segurança contra incêndio e fora das normas da vigilância Sanitária.

O proprietário, Allan Reiser, devia uma fortuna em impostos municipais e cerca de meio milhão de reais para 400 funcionários, que entraram na justiça para receber os salários atrasados. Também teria deixado fornecedores sem receber.

Para pagar as dívidas, a justiça mandou vender o prédio. Desde então ele estava jogado às traças e passou por dois leilões. O primeiro pregão rolou em 2010, mas foi anulado por irregularidades no edital.

Em 2013, a multinacional Accor e a rede de Hotéis Pires arremataram o edifício durante o leilão realizado pela 2ª Vara da Justiça do Trabalho de Itajaí, no valor de R$ 4 milhões.

Desde março do ano passado, operários faziam a limpeza do prédio, retirando entulhos e demolindo a estrutura interna, que ficou comprometida com o passar do tempo.

A previsão é que o Mariner dê lugar a uma unidade do Novotel, uma das bandeiras que fazem parte do grupo Accor. A intenção é inaugurar daqui a dois anos.

O Novotel é destinado principalmente a hóspedes que viajam a negócios.