Itajaí
Vazamento de amônia atinge raio de um quilômetro
Acidente aconteceu na empresa Safrio, que fica às margens da rodovia Antônio Heil
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]

O vazamento de cerca de 200 litros de gás de amônia do setor de resfriamento da empresa Safrio, na rodovia Antônio Heil, bairro Itaipava, em Itajaí, botou em desespero os moradores da vizinhança. O acidente aconteceu na noite de terça-feira. Moradores do entorno e pessoas que andavam pela rodovia passaram mal devido ao forte cheiro do produto. O vazamento começou por volta das 22h na válvula de um cilindro e foi controlado perto das 23h. O fedor do produto ficou no ar ainda nas primeiras horas da madrugada, até o gás se dissipar totalmente. De acordo com a defesa Civil, a nuvem de amônia se espalhou num raio de um quilômetro naquela região. Cerca de 200 moradores da rua Antônio Henrique Custódio, que fica atrás da Safrio, foram orientados a sair das casas pra evitar inalar o gás em ambiente fechado. “É um gás que possui um odor cáustico muito forte, prejudicial às vias respiratórias, causando dor e irritação e, nos casos mais graves, se inalado uma grande quantidade em ambiente fechado, pode até causar a morte por asfixia química”, informou Carmo Dias, coordenador da defesa Civil. Carmo relatou que soube de pessoas que passaram mal, mas nenhum registro formal chegou ao órgão. Ele ressaltou que o problema foi logo estancado sem maiores complicações. Conforme o chefe da defesa Civil, a empresa deve entregar um relatório do acidente e apresentar o plano de ação de contenção desse tipo de acidente. A causa do vazamento ainda é apurada. “Não sabemos ainda se era o sistema ou uma válvula do cilindro que deu problema na manutenção corriqueira e de prevenção deles. Acabou perdendo o controle, passou um pouco e esse gás vazou mas, quando ele se mistura com o ar, o vento acaba levando e dissipa”, afirmou. Além da defesa Civil, os bombeiros também atenderam a ocorrência. Eles informaram que, quando as guarnições chegaram ao local, havia uma nuvem de amônia na parte baixa do galpão numa área nova da empresa. De acordo com o relatório da corporação, foi constatado que uma válvula de segurança se abriu, sendo fechada posteriormente pelo supervisor da Safrio. Durante o vazamento, os bombeiros lançaram jatos neblinados de água para reduzir a concentração de amônia no ar. Segundo os socorristas, o vazamento se deu no lado de fora do galpão, sem vítimas no local. As guarnições encerraram o trampo por volta das 23h30. O DIARINHO tentou contato com a Safrio. Ninguém atendeu as ligações e não houve resposta por e-mail até o fechamento da matéria. Nem mesmo no site da empresa havia qualquer comunicado, explicação ou pedido de desculpas pelo acidente. “Somos uma empresa comprometida em ser a melhor”, diz a frase de abertura do site. Na Itaipava, a Safrio tem um armazém frigorífico com capacidade de 30 mil toneladas, além de outros setores pra movimentar cargas frigorificadas e um terminal de contêineres. Tóxico, corrosivo e inflamável A amônia é um gás incolor, tóxico e corrosivo com umidade. Por isso, é perigosa a sua inalação. O produto também é inflamável, solúvel em água e tem um cheiro forte que, em concentrações não muito elevadas, se parece com o cheiro de urina. Em dezembro de 2018, um vazamento de amônia foi seguido de explosão numa distribuidora de gelo na rua João Gottardi, bairro Espinheiros, em Itajaí. Seis pessoas, entre vizinhos e funcionários da empresa, passaram mal e foram hospitalizadas por intoxicação. O produto é usado em sistemas de refrigeração. Moradores saíram às ruas na tentativa de respirar melhor O cheiro do gás também atingiu moradores da avenida Itaipava, no trecho do condomínio Quinta das Araucárias e do museu Etno-Arqueológico de Itajaí. A gerente de uma loja de decoração, Renata Sayuri Okamoto, 37 anos, conta que chegou em casa por volta das 23h15 e encontrou famílias na rua com as crianças porque o fedor era insuportável. Ela relata que uma vizinha não aguentou ficar em casa e também foi pra rua após passar mal, isso às 23h30. “Disseram que em uma hora o cheiro iria sumir, mas não passou. Ela saiu de casa porque tem problemas respiratórios e tava passando muito mal”, explica Renata. Ele conta que, seguindo orientação tida como oficial que circulou entre os moradores, ficou em casa, fechou as janelas e ligou o ar condicionado e o ventilador. “Mas não dava pra dormir. O nariz ardia. Fui dormir mais de duas horas da manhã e ainda tinha cheiro”, afirmou. Carmo dias esclareceu que a recomendação de ficar em casa não partiu da defesa Civil. Pessoas que transitavam nas ruas da região também passaram mal. “Tive que pedir socorro pra um morador, pois estava asfixiado”, postou um rapaz que tava de moto. “Passei muito mal também. O cheiro é muito forte, arde os olhos, o nariz... Me vi a ponto de parar a moto porque não conseguia enxergar nem respirar. Cheguei em casa com náuseas, mas depois passou”, relatou no Facebook uma motociclista.
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