Ethan tá começando na vida de dotô. Foi aprovado em concurso público e passou pela academia da polícia Civil há pouco mais de dois anos. Começou como delegado em Tangará, no oeste do estado, depois foi pra Rio Negrinho, no planalto norte catarina, no ano de 2008, e no ano passado foi transferido pra Itapema. Apesar de três delegacias no currículo, Ethan ainda tava em estágio probatório, quando não se pode cometer nenhum erro por três anos e tem seu trabalho avaliado pela puliçada.
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Como Ethan já pecou por abuso de otoridade nas duas citys em que trampou, o fuzuê que causou na Maravilha do Atlântico foi a gota dágua pros capos da segurança pública do estado. Não foi a polícia Civil que aprontou. Foi um cidadão descontrolado que entrou e não tem compromisso com a sociedade. No que depender de mim, ele será mantido preso e vai pra rua, lascou o chefão Serafim.
Serafim pode demitir o delegado abusado a qualquer momento, mas não quis dizer quando isso pode rolar. Por enquanto, a cadeira que ele ocupava como dotô ao lado do delegado Carlos Dirceu Silva, em Itapema, tá vazia. É preferível que não fique ninguém do que um cara como esse, comenta, furioso, o chefão da puliçada.
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O elegado de Itapema continua enjaulado numa cela da diretoria Estadual de Investigação Criminal (Deic), em Floripa. O chefe de polícia Civil do Litoral, Márcio Colatto, explica que Ethan responderá por um inquérito comum e ainda terá que sisplicar pra corregedoria da polícia Civil. Ele só tem direito a cela especial, mas no resto o procedimento é normal. Foi preso em flagrante como qualquer outra pessoa, garantiu. O dotô baladeiro pode tentar o habeas corpus, ou seja, responder a bronca em liberdade, mas só a dona justa pode decidir se ele saiu ou não da jaula.
Versões
A polícia Civil tem até uma semana pra encaminhar todo o caso pra justa. Ontem, os tiras passaram o dia ouvindo envolvidos e testemunhas da brigassada. Em depoimento, Ethan disse que apanhou de quatro rapazes e teria dado só um tirombaço em direção ao chón pra se defender. Também que o fuzuê só rolou na frente da balada Woods, na avenida Atlântica.
Porém, os policiais já conversaram com outros envolvidos na treta, que juram que o dotô já havia mandado bala minutos antes, contra pessoas que caminhavam pela Barra Sul. A arma do delegado, uma pistola calibre 40 com registro do estado catarina, foi mandada pra perícia.
Cheio de bronca no lombo
Ethan já chegou a ser investigado pela turma do Ministério Público de Tangará por ter abusado da pinta de dotô durante uma abordagem policial. Ele sisplicou e silivrou das acusações. Depois, em setembro de 2008, em Rio Negrinho, levou mijada pela mesma macriação.
O DIARINHO soube que no dia 4 de julho de 2009, o delegado Procópio Batista da Silveira Neto, 30, que hoje responde pela 2ª depê peixeira, registrou um boletim de ocorrência na delegacia de Rio Negrinho após uma confusão entre ele e Ethan. Procópio tinha acabado de chegar na depê pra assumir o lugar de Ethan quando os dois saíram no braço. No boletim, o delegado de Itajaí registra que Ethan o acusou de estar bêbado e o chamou de vagabundo. Procópio não quis comentar nada sobre o assunto.
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A última cagada
Por volta das 4h de quinta-feira, o delegado Ethan foi parar no xadrez acusado de lascar tirombaços ao sair de uma balada. Na companhia da namo e de dois colegas, o dotô passou a bordo do Civic, placa MGI 7008 (Rio Negrinho), pela Barra Sul, e disparou três tiros contra rapazes que caminhavam pela via. Depois, na frente da Woods, mandou mais sete azeitonas pra chón numa brigaceira.
O frentista Adriano Rinaldi, 23, foi atingido no pé por estilhaços e Roger Francisco foi internado em estado estável com um balaço cravado na perna. O dotô se recusou a fazer o teste do bafômetro e peritos do instituto Médico Legal (IML) comprovaram que havia pólvora em sua mão, o que comprova o uso de arma. Ele foi enjaulado por abuso de otoridade, disparo de arma em via pública e lesões corporais.