inovação
Empreendedores de Balneário foram pioneiros na impressão digital em 3D
Por meio de impressoras de alta tecnologia é possível dar forma a objetos sólidos como protótipos ortopédicos e peças de reposição industrial
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]
Num canto acolhedor da praia dos Amores, em Balneário Camboriú, está instalada uma empresa cuja atividade ultrapassa em muito os limites da cidade. A Wishbox foi criada há 11 anos pelos primos Tiago e Rodrigo Marin para oferecer à indústria nacional algo inédito: a impressão de objetos sólidos, como peças de reposição, que na maioria das vezes são importadas. A iniciativa deu tão certo que para 2023 será preciso ampliar a equipe de projetistas e designers em 30%. Além de abrir dois showroom no estado de São Paulo, onde estão 60% de sua clientela.
“Quando fizemos o plano de negócio em 2011 percebemos que não havia concorrência no país, era como um oceano azul de oportunidades”, relembra Rodrigo, de 35 anos. Formado em Administração, ele sempre quis trabalhar com tecnologia e trocou o emprego na empresa de comércio exterior da família pelo sonho de ter um negócio próprio, com uma gestão mais humanizada e flexível, sem abrir mão da rentabilidade. Primeiro pensou em abrir uma loja de artigos para skate e surfe, mas optou por outra área mais promissora e totalmente inexplorada.
“Desde moleque sou ligado em tecnologia. Aos oito anos tive o primeiro contato com o computador de um tio, mas era tão inocente que nem espirrava perto por acreditar que era assim que pegava vírus”, recorda. Depois, na adolescência, Rodrigo aprendeu a fazer programação para jogos de RPG por meio de tutoriais na internet. O interesse por tecnologia foi retomado uma década depois. Mas antes de largar o emprego e investir no negócio, foi preciso pesquisar in loco como as gigantes do ramo atuavam no exterior.
Nos Estados Unidos conheceu a MakerBot, a primeira a se destacar no mercado de impressão 3D, após um longo período em que a tecnologia ficou restrita a um pequeno número de empresas que detinham a patente, desde os anos 1980. Rodrigo conta que estas empresas produziam impressoras gigantescas para fabricar, a princípio, protótipos. Mas se tornaram inviáveis e acabaram quebrando, abrindo espaço para a expansão do setor e o aperfeiçoamento da tecnologia. Hoje, é possível imprimir não só peças de reposição plásticas altamente resistentes (polímeros), como também de aço inox e até próteses ortopédicas.
E como funciona? Através de um software que desenha o modelo e passa a informação para a impressora construir, camada a camada, objetos que executam tarefas precisas dentro de maquinários de empresas como a fabricante de eletrodomésticos Eletrolux. Muitas delas sob sigilo industrial. Se produzidas em larga escala, as peças reduzem o custo de produção ao não depender de importação e reduzir o tempo de reposição. Outra vantagem das impressoras 3D é serem compactas, ocupando o mesmo espaço de um filtro de água de 20 litros.
Além da MakerBot, a catarinense Wishbox também é a representante no Brasil da holandesa Ultimaker e está em fase de testes para o lançamento de uma empresa local, a Syncraft X1.
Quando fizemos o plano de negócio em 2011 percebemos que não havia concorrência
no país"
RODRIGO MARIN SÓCIO-PROPRIETÁRIO