ITAJAÍ
Biblioteca de Itajaí faz 22 anos
Acervo do espaço público reúne cerca de 35 mil obras; ampla reforma deve ser entregue até agosto
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]
A Biblioteca Pública Municipal e Escolar Norberto Cândido Silveira Júnior, em Itajaí, comemorou 22 anos, nesta segunda-feira. A data foi marcada com atividades de doação de livros por meio do projeto Semeando Livros, além do início da Semana do Perdão, ação que vai perdoar quem tiver livros em atraso sem qualquer penalidade.
A unidade também celebra o aniversário com a retomada gradual da média mensal de obras emprestadas, que passava dos 2 mil livros em 2019, antes da pandemia. Neste ano, só em maio, já foram 1579 empréstimos, quase o dobro do mesmo mês em 2021. As consultas do acervo somaram 2472 em maio, contra 707 no mês no ano passado. Os cinco primeiros meses de 2022, totalizaram quase 6 mil empréstimos e 5666 consultas.
A diretora da biblioteca, Elaine Cristina da Silva Martins, que está há cerca de cinco meses à frente da instituição, destaca que a criação da unidade foi uma grande conquista para a cidade. Com a reforma, alguns espaços serão mudados e a biblioteca ficará mais atrativa, além de poder retomar eventos e atividades culturais.
“Essa reforma vai trabalhar muito com esse espaço que é acolhedor, que provoca as pessoas a querer entrar”, considerou. A biblioteca passa por uma reforma geral desde novembro do ano passado, mas os trabalhos não interferem na prestação dos serviços. Devido à obra, o acesso principal pela frente está fechado, mas a entrada pela lateral liga os visitantes diretamente à área do acervo, onde estão mais de 30 mil livros.
A maior parte (87%) do acervo é proveniente de doações. Os livros doados passam por um processo de triagem e são incorporados às coleções, ficando disponíveis ao público. A biblioteca também faz o caminho inverso, doando obras que não se enquadram nos critérios do acervo ou de exemplares já existentes nas estantes. Os livros voltam para a comunidade por meio de distribuição a pessoas, grupos e associações.
Além de projetos como o Semeando Livros, a biblioteca tem proposta de articular ações para ampliar e fortalecer as bibliotecas escolares, além de parcerias com entidades e associações. Conforme Elaine, a ideia é atender moradores dos bairros. A biblioteca atuaria com apoio técnico, formação de mediadores de leitura, divulgação de atividades e realização de eventos.
“Queremos atender de fato os usuários de Itajaí e, junto com os equipamentos culturais, aflorar a literatura, estimulando a leitura e o livro como instrumento principal na vida das pessoas”, ressalta. Atividades culturais e artísticas também voltarão à biblioteca pública, após a reforma. O prédio histórico conta com um amplo auditório e mezanino, que serão reabertos após as obras.
“Crescemos juntas”, lembra escritora que já leu 787 obras
A biblioteca pública de Itajaí teve uma importância fundamental na formação da escritora e tradutora Érika Batista, de 31 anos, uma das primeiras usuárias do acervo. Natural de São Paulo, Érika tinha quase 10 anos quando chegou em Itajaí, em 2001 - logo após a inauguração da biblioteca.“Pode-se dizer que crescemos juntas. Em 2001, meus pais me trouxeram à biblioteca, e no início, eu e minha irmã pegávamos livros infantis no cadastro do meu pai, depois criamos os nossos. Devo ter passado minha adolescência inteira frequentando a biblioteca semanalmente”, lembra.
“Peguei e li tantos livros da biblioteca que, em 2008, recebi um certificado quando a biblioteca completou 1 milhão de visitantes, por ter sido a pessoa que mais retirou livros durante todo o período da existência dela”.
Escritora | Érika Batista
Érika passou da seção infantil para a infantojuvenil, que ia desde os livros de Harry Potter à coleção Vagalume e às coleções de clássicos adaptados. E, no fim da adolescência, seguiu para as estantes de literatura, artes e humanidades. No total, já foram 787 obras lidas da biblioteca.
Érika ainda conta que, por muito tempo, o único contato com a internet foi feito pelos computadores da biblioteca, onde também digitou os primeiros livros. “Foi na biblioteca que tive, também, contato com a literatura russa, que hoje é meu principal campo de atuação, como tradutora de russo”, disse.
Foi a partir do livro “Propaganda monumental”, de Vladimir Voinovitch, que ela devorou as obras da prateleira russa. “Hoje sou eu que traduzo livros para aquela prateleira, também escrevo os meus, inclusive estou lançando meu segundo livro de poemas, “Na rua, na lua, na sua”, pela Editora Patuá, e eu adoraria fazer o lançamento na biblioteca, dada a minha história com o lugar”, planeja.
Reforma até agosto
A reforma da biblioteca envolve um investimento de R$ 866 mil. A previsão é de que os trabalhos sejam concluídos em agosto. A cobertura já foi recuperada, com a troca das telhas pelo mesmo tipo de material.
A estrutura ainda receberá revisão e restauro das esquadrias de madeira, além da pintura externa na cor azul, substituindo a atual. O entorno do prédio também está sendo revitalizado.
Na parte interna, serão reformados os sanitários e a área administrativa será feita a troca da plataforma elevatória, pintura, revisão elétrica e novo sistema preventivo de incêndio.