Litoral catarinense
Projeto de porto turístico quer ligar cidades pelo mar
Porto Park prevê terminal, atracadouro e complexo com lojas, lazer e gastronomia
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]
Balneário Piçarras vai ganhar em breve um porto turístico com complexo de lazer, comércio, gastronomia e entretenimento junto à foz do Rio Piçarras. O projeto Porto Park, anunciado como o primeiro do gênero na América Latina, está em processo de licenciamento pelo Instituto do Meio Ambiente (IMA) e prevê investimentos de cerca de R$ 100 milhões. A ideia é que o píer também sirva de estação para transporte marítimo de passageiros entre cidades litorâneas.
O empreendimento foi idealizado pela Flomar Transportes Marítimos e será apresentado oficialmente na BNT Mercosul 2022, Feira de Negócios Turísticos que ocorre nos dias 27 e 28 de maio no Centreventos, em Itajaí. A estrutura será instalada no final no molhe do rio Piçarras, que faz limite entre Balneário Piçarras e Penha. O acesso ao local será reurbanizado, dizem os empreendedores.
O projeto prevê uma plataforma de 400 metros que vai avançar sobre o mar. A estrutura vai abrigar um terminal marítimo, atracadouro e um complexo com lojas, restaurantes e parque com brinquedos temáticos. No total são 81 espaços que poderão ser adaptados conforme o tipo de estabelecimento e mais de 50 salas, parte delas panorâmica.
O conjunto de brinquedos e lazer é uma atração à parte. Entre mais de 20 equipamentos, distribuídos ao longo da plataforma, estão roda-gigante, sky tower, passarela de vidro, balanço infinito, carrossel, carrinhos de choque e cinema imersivo em 8D. As atrações e o visual da estrutura terão temas e motivos ligados à vida marinha.
A elaboração do projeto vem sendo feita há dois anos. Segundo o empresário Aldo Antenor Pamplona Maciel, o Nonô, dono da Flomar, o empreendimento conta com apoio da prefeitura e já recebeu certidão do governo federal para ser implantado junto ao molhe. O aval é necessário por se tratar de área gerida pela Secretaria de Patrimônio da União (SPU).
Os estudos ambientais foram encaminhados para o IMA para obtenção da Licença Ambiental Prévia (LAP). A expectativa é de que o documento saia em três meses. Com isso, o empreendedor pode dar entrada na Licença Ambiental de Instalação (LAI), liberação por meio da qual a empresa já poderia iniciar as obras. Visando essa licença, outros projetos técnicos estão em andamento, como dos sistemas elétricos e hidráulicos.
PIB bilionário
A implantação do projeto reflete o desenvolvimento da cidade nos últimos anos. Conforme dados recentes do IBGE, o Produto Interno Bruto (PIB) de Balneário Piçarras teve a quarta maior alta do estado, com o município chegando à casa de R$ 1 bilhão. O número é do levantamento de 2019, que avaliou o desempenho do município desde 2010.
O crescimento no período foi de 293%, saltando de R$ 282 mil (2010) para R$ 1,1 bilhão (2019). Com a evolução, Piçarras entrou para o grupo dos 52 municípios catarinenses com PIB bilionário, figurando na 49ª posição. O ranking é liderado por Joinville (R$ 34,5 bilhões), seguido de Itajaí (R$ 28,2 bilhões).
Marco para o turismo da região
O secretário de Turismo de Piçarras, Lávio Dalfovo, informa que todas as etapas federais para a instalação do projeto estão cumpridas, dependendo agora apenas do licenciamento ambiental. Ele avalia que o empreendimento será um marco para a cidade e municípios vizinhos, com potencial de integrar o litoral norte.
“Vai virar a chave do turismo da região, de Barra Velha a Navegantes”, afirma. Só a construção do complexo tem previsão de gerar mais de 1 mil empregos diretos e indiretos. O secretário estima que, no pico de funcionamento, o porto possa receber até 3 mil visitantes por dia, o que beneficiaria toda a economia, com atrações o ano inteiro.
Para atender a demanda turística, o secretário adianta que a área do antigo camping, ao lado do molhe, adquirido por uma construtora, tem projeto para receber um empreendimento hoteleiro. Por parte da prefeitura, há projeto de revitalização do acesso ao molhe, bem como deixar o rio Piçarras navegável até a área do novo Parque Natural Municipal, perto do Museu Oceanográfico da Univali.
Transporte entre as cidades pelo mar
Só em obras, estão previstos R$ 40 milhões em investimentos no porto turístico, segundo informa Aldo. Outros R$ 20 milhões serão para instalação dos brinquedos e equipamentos. O empresário também tem projeto de R$ 40 milhões para construção de barcos, que serão usados para fins turísticos e de transporte aquaviário na região.
A proposta é criar roteiros turísticos a partir do terminal do Porto Park, bem como viabilizar linhas náuticas de transporte de passageiros. Aldo ressalta que o terminal poderia fazer ligação pelo mar com outras cidades, como Itajaí, Balneário, Joinville e Florianópolis, tirando a sobrecarga do trânsito da BR-101.
Um dos barcos projetado terá capacidade para 400 pessoas e deve ser feito no estaleiro Joel Santos, em Navegantes, onde a Flomar já gerencia a construção da maior embarcação de transporte de passageiros do sul do Brasil, para 1200 pessoas.
Outra atração é um barco turístico, onde seriam exibidos shows de águas dançantes, com jatos de água dinâmicos e iluminados. O novo porto também poderá receber escalas de transatlânticos. Os navios ficariam fundeados na costa e os passageiros seriam recepcionados no píer turístico.
O município está na expectativa de receber confirmação da MSC Cruzeiros sobre escalas na cidade. Aldo destaca que a ideia é que a estrutura também possa ter serviços públicoss, como uma rádio costeira, nos moldes da que existe em Itajaí.
Projeto Porto Park