Jurandir Bernardes
Administrador do herbário morre aos 82 anos
Ele enfrentava problemas de saúde que se agravaram após o falecimento da esposa
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]
O administrador do Herbário Barbosa Rodrigues, em Itajaí, Jurandir de Souza Bernardes, morreu na noite de domingo, aos 82 anos. Ele tinha problemas de saúde e ficou internado nos últimos dias no Hospital do Coração, em Balneário Camboriú. O sepultamento foi na tarde de segunda-feira, no cemitério da Fazenda, em Itajaí.
A morte de Jurandir aconteceu oito meses após o falecimento da esposa, a professora Zilda Helena Deschamps Bernardes, que morreu aos 87 anos, de causas naturais, em setembro de 2021. A perda da companheira esteve entre os motivos que abalaram a saúde de Jurandir.
O casal era responsável pela administração e acervo do herbário há quase 50 anos. Eles não tiveram filhos. Jurandir estava como presidente da associação que geria o herbário. Natural de São Francisco do Sul, ele sempre morou no bairro Vila Operária, em Itajaí, onde era reconhecido por tratar a todos com carinho, respeito, atenção e bom humor.
O herbário havia lançado projeto de reestruturação em 2021 para reabrir o local pra visitação e garantir recursos pra manutenção do prédio e a continuidade das pesquisas. O projeto não conseguiu ser viabilizado mas há acordo em andamento pra que a Univali assuma a instituição e fique responsável pelo acervo histórico.
A instituição é reconhecida nacional e internacionalmente, sendo um dos maiores herbários do Brasil, com mais de 70 mil espécies de plantas no acervo, 20 mil delas ainda não estudadas. Foi o seu Jurandir quem procurou a Univali sugerindo que a universidade passasse a cuidar do local.
Transição
O advogado Rodrigo Salgueiro dos Santos, da procuradoria da Fundação Univali, que trata do processo de transição com o procurador de Jurandir, informa que o acordo prevê que o herbário passe a ser mantido pela universidade. Com a concretização do processo, a Univali pretende fazer os reparos no imóvel e adotar plano pra que o espaço volte a ser referência científica.
Com a ajuda de voluntários, o acervo do herbário estava sendo digitalizado. Até o início do ano, mais da metade dos arquivos tinham sido publicados no banco de dados digital. O acordo pra que a Univali assuma a instituição ainda deve passar por uma apresentação dos termos e coleta de assinaturas de associados e outras pessoas envolvidas com a instituição.
Além de preservar o herbário, a mudança também deve encerrar ações judiciais que determinavam ao estado e ao município a reforma do imóvel, medidas pra resguardar o acervo e o tombamento do imóvel. O advogado da Univali informa que a ação para o tombamento já perdeu o objeto, porque a prefeitura tombou o imóvel como patrimônio histórico em 2020.
O prédio na avenida Marcos Konder foi erguido em 1954, em terreno doado pela prefeitura. Prestes a completar 80 anos, o herbário foi fundado 22 de junho 1942 pelo padre e botânico catarinense Raulino Reitz, em São Leopoldo, no Rio Grande do Sul. Ele trouxe a instituição pra Itajaí em 1946 e foi quem convidou dona Zilda pra trabalhar no herbário em 1971. A história do pesquisador, que morreu em Itapema, em 1990, pretender ser resgatada pela Univali no projeto de reabertura.