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Ponte em obras e interditada na alta temporada

Comerciantes reclamam do atraso na obra que liga Penha e Piçarras e lamentam prejuízos pela falta de movimento

Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]

Só pedestres e ciclistas têm conseguido atravessar a ponte em obras {Foto: Felipe Franco}


“Foi uma temporada perdida,” resume a empresária Mariane Reinhardt. A queixa é sobre a construção da nova ponte sobre o rio Piçarras, limite e principal ligação entre os municípios de Balneário Piçarras e Penha. A obra que, originalmente, tinha prazo para ser entregue no último dia 4 de janeiro, acabou não sendo concluída e afetou diretamente a vida econômica da região – já naturalmente prejudicada pelo atual momento de pandemia de covid-19.

Com prazo de término estendido contratualmente para mais nove meses, a prefeitura de Balneário Piçarras vem intensificando as cobranças para que a empresa responsável conclua até março.

“Foi uma temporada perdida para nós. A antiga gestão fez questão de mentir e enrolar sobre todas as datas de entrega e não se posicionar ou responder à sociedade. O antigo prefeito mal se deu ao trabalho de ouvir os comerciantes da região. A minha loja, mais próxima da ponte, comecei demitindo uma funcionária e agora demitimos mais um e vamos fechar. Infelizmente na pandemia, seguida do fechamento da via, não tive como sobreviver. A ponte foi crucial, com a falta de movimento não tivemos como continuar”, criticou Mariana, umas das comerciantes que vem fazendo depoimentos públicos contra a  forma que foi conduzida a obra.



Apesar de estar em uma região mais distante, o empreendedor do setor de alimentação, Fabricio de Sena, também sentiu a queda nas vendas. “Uma parcela dos meus clientes de Penha deixou de comprar por conta da maior distância. As entregas para lá também diminuíram, afinal, o tempo de entrega e espera aumentam”, lamentou. Ele observa, associado ao momento de pandemia, que suas vendas caíram entre 30% a 35% se comparado com a temporada passada.

Nicolas Schneider, proprietário de um estabelecimento distante menos de um quilômetro da ponte, sente os prejuízos desde antes da temporada de verão. Precisou reduzir a equipe e registra nos balancetes uma queda de 30% na receita. “Me senti desrespeitado, pois eu como comerciante cumpro com minhas obrigações, e não cumprindo, sou punido. Já o poder público, promete, não cumpre, faz corpo mole e o que acontece? Piçarras é a ‘bola da vez’ e foi tratada com indiferença. Não basta só construir prédios, se a cidade não tem um comércio que sustenta todas essas vendas de apartamentos. Quem vem comprar casa, apartamento aqui precisa ter opções, de comércio variado, e cada o incentivo? Triste”, desabafou.

O efeito negativo ao comércio motivou representantes da Câmara de Dirigentes Lojistas de Balneário Piçarras (CDL) a se reunirem com o novo prefeito, Tiago Baltt (MDB). O encontro aconteceu no último dia 7, após reuniões da administração municipal com a empresa que executa o projeto. Na reunião, o prefeito não firmou prazo antecipado de término da obra e liberação do trânsito, mas assegurou “acompanhamento constante da execução da obra e há possibilidade de um aditivo para acelerar o serviço”.


Mais demora e mais gastos

A prefeitura de Balneário Piçarras deu a ordem de serviço à empresa vencedora da licitação em 4 de maio – com prazo de término de oito meses. A demolição da antiga estrutura começou em julho, momento em que moradores e visitantes tiveram o trânsito impedido. Qualquer pessoa que queira chegar à Balneário Piçarras, vindo de Penha, deve trafegar pela região central do bairro Nossa Senhora da Paz. Isso faz com que o comércio nas proximidades seja prejudicado. Pedestres e ciclistas também criticam a demora no desfecho da obra, já que para eles o desvio é fisicamente desgastante.

Apesar do transtorno, a prefeitura, através da assessoria, afirma que “para que a obra seja executada com eficiência, é fundamental que o trânsito de pessoas e ciclistas seja interrompido. Qualquer coisa que aconteça na ponte, pelo fato de ela ainda não ter sido finalizada, é de responsabilidade da empresa que executou. E para que ela trabalhe com segurança, é necessário vetar o acesso de qualquer pessoa que não seja integrada à operação da obra”. A prefeitura oferece serviço gratuito de transporte do bairro ao centro.

A gestão municipal passada assinou um aditivo ao prazo final do contrato. Ele permite, legalmente, que a empresa conclua o projeto até o dia 4 de setembro de 2021. O novo governo eleito, por sua vez, não concorda com o prazo e assegura que vem fiscalizando a execução para sua conclusão antecipadamente.

A nova ponte sobre o rio Piçarras custou quase quatro milhões de reais. São R$ 3.333.333,33 via financiamento banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE). Desse total, R$ 88.095,51 foram suprimidos, mas outros R$ 685.503,90 foram aditivados dia 22 de dezembro de 2020, elevando o custo final da obra para R$ 3.930.741,72.


Novo prefeito quer fim até março

O prefeito de Balneário Piçarras, Tiago Baltt (MDB), está por dentro da indignação do povo com a demora da obra. “Estou aqui para resolver. Meu gabinete é aqui, acompanhando de perto o que acontece na cidade e falando com as pessoas”, afirmou o prefeito. Uma série de reuniões com a empresa que executa a obra já foram realizadas e a principal pauta foi agilizar os trabalhos.

Tiago Baltt diz que está de olho. {Foto: Divulgação}

 


Em nota, a nova gestão disse que em termos legais, a obra pode ser entregue em setembro de 2021, mas o prefeito está tentando antecipar a data para fevereiro ou março. O prefeito diz que tem vistoriado a ponte e está tentando fazer com que o processo de conclusão seja feito com rapidez e qualidade. O prefeito reconhece a dificuldade gerada para as pessoas, para os comerciantes e para o turismo da cidade.

O projeto ainda precisa de algumas adaptações, conforme apurou a reportagem. Mudanças na tubulação de água e a revisão na mobilidade das vias à beira-rio estão em execução e elaboração.

Antigo prefeito culpa "São Pedro"

A assessoria de imprensa da gestão do ex- prefeito Leonel Martins (PSDB) afirmou, através de nota oficial, que não pode cumprir com as datas de entrega anunciadas para dezembro, porque “a previsão do tempo não ajudou o cronograma de obras, que foi prejudicado, principalmente na concretagem da ponte. Inclusive a etapa terá que ser reavaliada já que houve a passagem de pedestres indevidamente antes da secagem do concreto”.

O ex-prefeito afirmou que desenvolveu o projeto articulado pelas CDLs de Balneário Piçarras e Penha, atendendo a demandas de setores econômicos e por conta da questão estrutural da ponte – que segundo ele, já apresentava risco de desabamento. “Nesse verão, nós poderíamos ter uma ponte interditada pela justiça, como em Barra Velha. A ponte sobre o rio Piçarras podia ruir de uma hora para outra. Nós temos laudos técnicos que atestam isso. Quando optamos por fazer essa ponte, garantimos a segurança da população e a possibilidade de crescimento econômico de diversos setores, como a pesca e o turismo náutico. Ambos são cruciais para o desenvolvimento, especialmente de uma cidade do litoral. É uma obra fundamental”, alegou.

A antiga administração ainda disse que o projeto da ponte não foi desenvolvido pela prefeitura. A sociedade organizada, através das CDLs de Balneário Piçarras e Penha, em reuniões com vários empresários, foi quem elaborou o projeto. “O nosso setor de engenharia analisou e entendeu que era interessante para Balneário Piçarras e assim o executamos. É um projeto da sociedade organizada, não foi o prefeito Leonel, nem o departamento de engenharia da prefeitura”, afirmou.


Pelo projeto, a estrutura atenderá a demanda atual terrestre e náutica, possuindo um viés turístico e uma estrutura mais larga, contemplando áreas protegidas para pedestres, ciclofaixa e espaço para a galera apreciar a vista. A ponte contará com 58,8 metros de comprimento, 5,48 metros de altura e um vão livre de 28 metros, que permitirá a navegação de barcos com até 60 pés.

Setor pesqueiro, imobiliário e náutico devem se beneficiar

Apesar da demora, há setores que podem colher resultados positivos assim que a ponte for concluída. A pesca, os setores náutico e imobiliário observam o projeto com bons olhos – uma vez que com um vão livre maior do que o da antiga estrutura (construída na década de 60) possibilitará a passagem de barcos de maior calado no rio Piçarras.

“A construção da nova ponte para o setor pesqueiro foi maravilhosa. Nos trouxe mais segurança para a navegação e qualidade de vida para nossos pescadores, pois não existe mais a preocupação com a maré para saírem para o mar, ou entrarem para fazer a descarga da pescaria a bordo da embarcação”, analisou a presidente da Colônia de Pescadores Z-26, Adriana Linhares Fortunato.  Hoje, em Balneário Piçarras, são cerca de 200 embarcações de pesca artesanal, “pescadores que dependem 100% da pesca, fora as embarcações de esporte e lazer que fazem parte do nosso turismo, que ganhará muito também com a ponte”, acrescentou.

O corretor de imóveis, Márcio Garcia, vê que para o mercado imobiliário a construção da nova ponte elevará o potencial da cidade. “Hoje, há muitas construtoras com padrão construtivo na categoria luxo e que acabam atraindo compradores seletos. Pessoas com lanchas de maior porte, que buscam segurança de navegabilidade. Com uma ponte de maior vão e uma boca da barra segura, eles passam a ver a cidade com potencial”, acredita o profissional.

Jean Pavanello, do ramo náutico, observa três aspectos positivos na pesca: a segurança de usuários, a melhoria da pesca artesanal e a possibilidade do crescimento náutico. “Víamos essa situação (estrutura deteriorada) especialmente com a maré baixa. Uma questão de segurança”, recordou. Ele analisa que o calado de maior espaço vai melhorar o cotidiano dos pescadores artesanais. “Sempre tiveram muita dificuldade. Era uma ponte baixa e com a maré alta muitos pescadores não conseguiram regressar de imediato. Esperavam horas”, reforçou.

Já com relação ao setor náutico, exemplificou que embarcações a partir de 20 pés já tinham dificuldades em navegar e que a nova estrutura vai dar novos ares para o setor. “Muitos clientes que desejavam vir a Piçarras acabavam indo para outros lugares, como Camboriú, Porto Belo. Piçarras estava ficando para trás. A nova ponte, além da questão de segurança, o formato vai favorecer a navegação de embarcações maiores. Quem cresce é a cidade num todo”, elogiou Jean.  Atualmente, Balneário Piçarras possui cerca de 20 marinas e comércios de serviços e equipamentos de apoio náutico.




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