Matérias | Especial


De modelo de preservação ao de degradação

Canal que divide a Meia Praia do Gravatá separa a parte mais preservada da orla da mais degradada

Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]

Navegantes tem uma orla de cerca de 12 quilômetros e larga faixa de areia nas praias Central e Meia Praia, quase que em sua totalidade contornada por larga faixa de vegetação de restinga recuperada. Ao norte, fica o Gravatá, considerado a “Copacabana” de Navegantes, ou seja, é lá que está o maior número de edifícios, bares, restaurantes e estabelecimentos comerciais da orla. Também é o ponto com maior concentração de banhistas. São poucos pontos impróprios pra banho, um grande efetivo de guarda-vidas fazem a segurança dos veranistas e o calçadão tem boa iluminação. Mas nem tudo são rosas. Vandalismo, falta de policiamento, de uma guarda Municipal efetiva, o despreparo do trade turístico local e o próprio descaso do poder público, são apontados como problemas que precisam ser resolvidos com a maior brevidade possível. A revitalização do molhe Norte [que abriga o Farol da Barra] é vista também como uma obra prioritária por moradores e visitantes.

A vocação turística de Navegantes está nas praias. “A Meia Praia é um local que tem muita restinga, é a praia do futuro. Vejo ela como a praia mais bonita da cidade”, diz o fotógrafo e morador de Navegantes há mais de 20 anos, Antonio Amaro Neuwiem. Com área de vegetação nativa reconstituída pela Portonave [como contrapartida pelas obras de instalação do porto de Navegantes], o local é procurado pelos que procuram paz e tranquilidade. A praia é pouquíssimo frequentada e seu bucolismo é contagiante.

Além de banhistas, a Meia Praia é bastante procurada pelos adeptos da pesca de arremesso. O aposentado Edenilson Soares reside atualmente em Gaspar, mas tem casa de veraneio no local há cerca ...

 

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A vocação turística de Navegantes está nas praias. “A Meia Praia é um local que tem muita restinga, é a praia do futuro. Vejo ela como a praia mais bonita da cidade”, diz o fotógrafo e morador de Navegantes há mais de 20 anos, Antonio Amaro Neuwiem. Com área de vegetação nativa reconstituída pela Portonave [como contrapartida pelas obras de instalação do porto de Navegantes], o local é procurado pelos que procuram paz e tranquilidade. A praia é pouquíssimo frequentada e seu bucolismo é contagiante.

Além de banhistas, a Meia Praia é bastante procurada pelos adeptos da pesca de arremesso. O aposentado Edenilson Soares reside atualmente em Gaspar, mas tem casa de veraneio no local há cerca de 10 anos. Além de aproveitar a praia no período da manhã, juntamente com a família, ele retorna à faixa de areia quase que diariamente a partir das 16h, só que munido de equipamento de pesca, geralmente acompanhado de filhos e netos. Para ele, é um prazer que não tem preço disputar a ampla faixa de areia com gaivotas e outras aves marinhas sempre presentes.



“Com relação a vegetação natural, é importante dizer que na área da Meia Praia, é onde está a maior restinga preservada, esse trecho ao longo dos anos vem aumentando”, diz o consultor em navegação e comércio internacional Robert Grantham. “Quando cheguei aqui há quase 30 anos, atravessando a rua, subia-se um cômoro e se estava na faixa de areia. Hoje, observam-se diversos cômoros até chegar na praia. Isso é um claro sinal da saúde ambiental, ao contrário do Gravatá, onde a vegetação foi retirada no passado e o bairro enfrenta sérios problemas de perda da faixa de areia e frequentes alagamentos resultante de ressacas”. A praia própria para banho é outro fator de destaque apontado por Grantham.

Porém, há quem reclame de tanta paz, pois o acesso à faixa se areia se dá por deques de madeira ou trilhas em meio a restinga. “O mar é limpo, a água deliciosa, mas o problema é que tem que se trazer tudo. De água a cadeira. Raramente vemos um ou outro ambulante  pela praia”, diz uma turista mineira.

No Gravatá a praia é protegida por enrocamentos de pedras e a vegetação de restinga foi extinta. A faixa de areia é estreita e praticamente deixa de existir no meio da tarde, quando a maré sobe. A geografia é linda, o mar é próprio para a prática do surfe. Também é o Gravatá que recebe o maior número de visitantes. No entanto, a praia vem sofrendo com a ação das ressacas. “Vejo que falta um pouco de interesse dos órgãos públicos para a solução desse problema”, diz Neuwiem.


Ele lembra que, tempos atrás, o Gravatá tinha uma enorme faixa de areia, que chegava quase até a Pedra do Miraguaia. “Isso só pode ter sido gerado pela degradação ambiental. Antigamente, há cerca de 40 anos, as pessoas estacionavam os carros em cima da restinga, pisavam na vegetação, colocavam cadeiras de praia, maltratavam a restinga. Tudo isso contribuiu para essa triste realidade. O surfista Fernando Alexandre Lourenço Faria credita a degradação ao desrespeito do homem com a natureza.

“Vejo a retirada da restinga do Gravatá como uma das principais causas para os problemas que vivemos hoje, pois a partir das 15h o mar invade tudo e não tem mais praia”, lamenta Faria. Opinião compartilhada pelo surfista, empresário e produtor Nelton Abreu, gaúcho residente há cerca de 10 anos na cidade.

 

O problema vai além da retirada da restinga

O problema das fortes ressacas e na redução da faixa de areia da praia do Gravatá vai bem além do extermínio da restinga. Para o oceanógrafo e diretor proprietário da Aquaplan Consultoria e Treinamento em Gestão ambiental, Fernando Dihel, as ressacas passaram a atingir com mais intensidade a praia do Gravatá com a construção dos molhes de fixação do rio Itajaí-Açu, para a proteção do acesso porto de Itajaí. No entanto, ele não discorda que a retirada da vegetação de restinga tenha contribuído para essa realidade.


“O rio Itajaí-Açu traz sedimentos para a orla de Navegantes e com a construção dos molhes, esses sedimentos são lançados muito distante da costa. Em tempos passados esses sedimentos eram distribuídos na praia, só que com a ação dos molhes, aliada a outros processos localizados, há a geração de um ponto de alta energia que é concentrada naquela região”, diz o especialista.

Existem também outros processos. A constante dragagem do canal de acesso ao complexo Portuário de Itajaí e Navegantes e o consequente despejo dos sedimentos em mar aberto também podem contribuir para essa realidade e a extinção das restingas. “Se eu não tenho um perfil praial perfeito [bancos arenosos ao largo, face da raia e sistema de dunas], a energia incidente a praia é intensificada,” resume o especialista.

Para minimizar o impacto das ressacas a prefeitura de Navegantes construiu a primeira etapa de um molhe de contenção. O projeto tem o objetivo de minimizar os efeitos do assoreamento da foz do rio Gravatá e contribuir de maneira natural no engordamento da faixa de areia naquele ponto da praia. Foram construídos 70 metros de molhe, com cinco metros de largura, o que corresponde a 25% do projeto. O investimento foi de R$ 470 mil, em recursos do governo Federal.

A segunda etapa da obra, com mais 230 metros de comprimento, irá custar pouco mais de R$ 2,5 milhões, totalizando 300 metros lineares de molhe. Porém, não há previsão de início por questões orçamentárias e financeiras. O gabinete do prefeito Libardoni Fronza, que assumiu a gestão do município há 11 dias, diz que a continuidade da obra está em seu plano de governo, elencada como prioridade. “Já estamos trabalhando o início da segunda fase”, declara. Segundo o chefe de gabinete, Ademir Campestrini Júnior, o molhe tem importante função estrutural quanto a dispersão natural dos sólidos sedimentáveis que desembocam do rio Gravatá.


 

Turismo além da orla

 

O potencial turístico de Navegantes vai além da orla. “Temos também outras atrações. O morro da Pedra [na localidade de Escalvados, interior do município], é uma dessas atrações no meio rural”, diz Antonio Amaro Neuwiem. Já o experiente Robert Grantham [que construiu e manteve por muitos anos uma das primeiras pousadas da cidade], diz que a vocação turística do município dever ser voltada ao mar, porém, não restrita à orla.

“É preciso valorizar não só a praia em si, mas o rio, a pesca, a construção naval artesanal e os esportes náuticos. Há uma riqueza extraordinária na arte da carpintaria naval [a chamada carpintaria da ribeira, arte ancestral, trazida pelos portugueses e açorianos e que em breve poderá se perder]. Seria um grande investimento no turismo e na preservação da memória a construção de um museu que preservasse essa história”, acrescenta Grantham. Temos ainda um amanhecer lindo. Com tudo o que já viajei no Brasil, arrisco a dizer que é um dos mais bonitos”, acrescenta Neuwien.

O secretário de Turismo Norberto Mette, defende ainda a exploração do turismo esportivo durante todo o ano e a aptidão de Navegantes para o turismo de negócios. “Temos o porto, aeroporto e toda uma estrutura logística, que muito sustenta o vale do Itajaí. As áreas rurais têm grandes belezas naturais que podem ser muito bem exploradas”, acrescenta Mette.


Em relação à polêmica extinção do Carnaval Navegay [que reúne o maior bloco de sujos do Brasil e uma importante ferramenta turística para o município] na segunda-feira de Carnaval, o gabinete do prefeito Libardoni Fonza diz que o correto é dizer que haverá uma reformulação do carnaval em Navegantes.

“Não vai acabar, porém, neste formato, não vai mais acontecer. O turismo da cidade não deve depender apenas do carnaval. É importante destacar, também, que receber 120 mil pessoas em uma cidade de 80 mil habitantes, requer uma estrutura na área da saúde, que hoje necessita de investimentos, para primeiro, atender a população diariamente como ela merece.”

Diante das diferentes posições dos entrevistados, existe uma unanimidade: o desenvolvimento sustentável e a preservação ambiental são as principais saídas para que o turismo navegantino se consolide e ganhe espaço, de forma não predatória, como visto em outras cidades da região.

 

Mais segurança e  turismo profissional

A praia Central é o cartão de visitas do município. Inicia no “Pontal”, localidade instalada contígua ao Molhe de Navegantes, e é considerada uma região bem urbanizada. Conta com ampla praça com área usada para eventos, quadras esportivas para vôlei e futebol de areia, academia ao ar livre e acesso à faixa de areia por passarelas em madeira.

A área ainda conta com restaurantes e bares. Além disso, é perfeita para a prática de surfe, pesca e é considerada a mais visitada da cidade. É movimentada durante todo o dia e parte da noite. No entanto, a falta de segurança faz com que ela não obtenha o status que merece.

Robert Grantham diz que percebe-se hoje um certo abandono das praias e seus equipamentos. “Depois do excelente trabalho feito com a construção dos deques e cercas, os parques infantis e uns quiosques que deveriam ser um ponto de venda de alimentos e bebidas. No entanto, os banheiros nunca abriram e parece que a administração passada abandonou as praias.”

Leonel Maurice, que pedalava na praia central na manhã de domingo, aponta o descaso do poder público com a limpeza e a falta de segurança como um dos principais problemas. “Além disso, falta infraestrutura turística. São pouquíssimos hotéis e pousadas. Isso é pouco”, diz. Para Maurice, a falta [ou ineficiência] dos postos de informações turísticas é outro problema enfrentado pelos visitantes.

O paulista André Luiz Romão vai mais além. “Navegantes se tornou um local de passagem. As pessoas chegam aqui pelo aeroporto e vão direto para Itajaí. As autoridades não se esforçam para divulgar o potencial turístico do município”, diz. “Falta infraestrutura e principalmente um olhar diferenciado dos administradores da cidade”, acrescenta. Para Romão, que está há três anos na cidade, a questão da segurança é um dos principais problemas. “Mas o maior de todos é a falta de planejamento”, completa.

Ele diz que o turismo de Navegantes tem um perfil extremamente familiar e a falta se segurança impede que os visitantes usufruam melhor o que o local oferece. “Exemplo disso é a praça Central. A falta de policiamento faz com que famílias e visitantes tenham que se retirar da praia [geralmente nos finais de semana] devido a ações de vandalismo e a falta de segurança dos frequentadores”, diz.

A implementação de uma guarda Municipal e a vigilância contínua da orla em rondas a pé e de bicicleta, segundo Romão, minimizaria o problema. “A polícia vem, faz sua parte, mais ainda é pouco.”

Outro problema é a falta de capacitação do trade turístico. A praia Central tem poucas opções com relação a bases e restaurantes, os cardápios são limitados e os preços não são compatíveis com a realidade, nem dos estabelecimentos, nem do visitante de Navegantes. Débora Dutra Romão defende a implementação de cursos e workshops para os comerciantes da cidade. “As pessoas te atendem por mera obrigação. Não estão preparadas para receber e agradar o turista”, arremata Vanessa Lessa. A artesã dona Bila, 81 anos, há mais de 20 anos comercializa seus trabalhos na Praça Central e ela também reclama da falta de limpeza e de segurança.

 

 




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