A pesar das manifestações contrárias em audiência pública e de uma petição online com cerca de 1300 assinaturas contra o empreendimento, o conselho da Cidade de Penha (Concidade) aprovou a construção de prédio de 32 andares no centro da cidade. Em reunião extraordinária na quinta-feira passada, os conselheiros aprovaram o relatório de Impacto de Vizinhança por 12 votos a quatro.
O projeto do residencial Coral Gables, da Vetter Empreendimentos, provocou uma mobilização contrária por parte da população e de lideranças comunitárias devido ao sombreamento que vai gerar na restinga ...
O projeto do residencial Coral Gables, da Vetter Empreendimentos, provocou uma mobilização contrária por parte da população e de lideranças comunitárias devido ao sombreamento que vai gerar na restinga e na faixa de areia da praia do Quilombo. A área central já tem outros prédios, mas esse seria o primeiro a sombrear a praia, que fica a uma quadra da nova construção. Pelo atual plano Diretor, a obra é permitida naquela área.
Mas os moradores da região alertaram sobre os impactos negativos na infraestrutura da cidade, como no trânsito, e na demanda por serviços públicos, como na oferta de água e esgoto, que já são deficientes. O oceanógrafo Gilberto Manzoni, representante da Univali no Concidade, foi um dos quatro conselheiros que votou contra o projeto, junto com Gabriel Volpi (associação dos Arquitetos e Engenheiros), Giovani Dias (cooperativa de Maricultores de Penha) e André Constabile (associação de Moradores da Praia Grande, Cascalho e Poá).
Gilberto destaca que é o município quem perde com a liberação da obra. “A gente não é contra o desenvolvimento, não é contra a verticalização, mas acho que poderia ter evitado essa questão do sombreamento que é uma marca irreversível”, avalia. Ele lembrou que a cidade já enfrenta problemas com a água, esgoto, mobilidade e organização no trânsito. “É um passo muito grande, pra um empreendimento muito grande, sem a gente ter as necessidades básicas,” completa.
Com a liberação do projeto, o conselheiro espera agora que o município faça novos investimentos em áreas básicas e que a prefeitura trate de revisar o plano diretor, que está defasado desde 2017. Pelo atual legislação, os conselheiros pediram a revisão urgente do plano. Os conselheiros que votaram a favor do edifício levaram em conta a regularidade dos licenciamentos ambientais e os investimentos já feitos pela empresa.
De acordo com o presidente da associação de Moradores da Praia do Quilombo, Marinho Alves, o representante da construtora se comprometeu a ajudar na implantação do programa Bandeira Azul na praia do Quilombo, em contrapartida aos impactos que serão causados. A promessa é que ações pela melhoria da balneabilidade e contra o despejo de esgoto irregular na praia sejam feitas em parceria com a prefeitura.