Crimes penais, ambientais e militares. É longa e preocupante a lista de irregularidades enraizadas no loteamento Costão das Vieiras, em Porto Belo. O lote é legal e dá espaço ao condomínio de casas que leva o nome da cidade. Contudo, um acordo judicial, baseado na Constituição Federal, proíbe a edificação em determinadas áreas do morro. Pra tentar ludibriar a fiscalização, rochas foram dinamitadas com explosivos caseiros e prédios construídos ilegalmente na encosta.
Continua depois da publicidade
Um morador do lote chiquetoso procurou o DIARINHO com medo de que toda a área fosse explodida. O Ministério Público Federal (MPF) recebeu denúncias de ONGs e já intimou os envolvidos pra prestar ...
Um morador do lote chiquetoso procurou o DIARINHO com medo de que toda a área fosse explodida. O Ministério Público Federal (MPF) recebeu denúncias de ONGs e já intimou os envolvidos pra prestar contas. O trâmite é lentão e o perrengue não parece ter data pra chegar ao fim.
Continua depois da publicidade
Pedras ao vento
O acesso ao residencial Porto Belo, localizado entre o centro e o bairro Vila Nova, é facinho. Lá, basta andar poucos metros pra avistar mansões ainda em construção. Tem baia de frente pro mar e outras arquitetadas sobre rochas. Um palácio, em especial, conta com uma exclusiva piscina na areia da praia. Pra piorar a situação, em alguns casos foram dinamitadas pedras e alterada a topografia do morro.
Continua depois da publicidade
O morador dedo duro, que preferiu não se identificar, contou à reportagem que as explosões acontecem regularmente e são acompanhadas por tremores de terra. O homem também denunciou o desmatamento no local.
A militante ambiental e vice-presidente da associação Porto Ambiental, Soleci Ferreira da Silva, revela que todos os trampos rolam às escondidas. Eles fazem a retirada das árvores e as explosões à noite e nos fins de semana pra não serem vistos. Sem alvoroço, os pedreiros trabalham silenciosamente durante todo o dia. Com a chegada da equipe de reportagem do MACRIADO, junto com ambientalista já conhecida na cidade, os peões desapareceram. Eles têm essa recomendação de se esconder quando aparece alguma fiscalização, ressalta Soleci.
O cenário é de um morro careca. Em algumas áreas, a vegetação nativa foi substituída por exótica, o que é crime ambiental. Com a retirada da vegetação e pedras, a terra fica solta e corre o risco de desabamento. A raiz da vegetação nativa é profunda e segura a terra, enquanto as exóticas são superficiais. Pra tudo isso cair e ainda levar a casa junto, é moleza, explica a sabichona Soleci. Em uma das inclinações, de aproximadamente 60 graus, foram encontradas rochas esmiuçadas e um fio de energia abandonado entre as pedras.