O celular de William tá desligado. O pai foi ao banco onde o rapaz foi visto pela última vez antes de ir trampar. A família quer as filmagens da rua e do banco pra ter pistas do que rolou com o jovem. Em meio às incertezas, os familiares buscam sustentar o mínimo de fé, crendo que logo William estará em casa, em frente ao computador fazendo o que mais gosta: entreter-se com jogos eletrônicos.
Continua depois da publicidade
O gurizão, que tem a ficha limpa, é tido pelos familiares como o filho que qualquer pai e mãe gostariam de ter. Caseiro, durante a semana só sai pra ir à escola e ao trampo. Aos domingos de manhã, vai numa igreja na Maravilha do Atlântico. William estuda no terceirão do colégio Victor Meirelles, e na última terça chegou da aula às 12h15, como de costume. Almoçou correndo pra não perder o ônibus da empresa que o leva pro trampo, na fábrica da Colcci, no bairro Itaipava. Ele trabalha das 13h30 às 22h e habitualmente chega em casa perto das 23h. Os ponteiros do relógio começaram a correr e nem sinal de William. Angustiada, Izolete de Sousa da Silva, mãe do guri, tratou de ligar pro rapaz. O coração acelerou quando o celular deu desligado. Na Colcci, Izolete foi informada que o filho não estava no ponto quando o ônibus passou e que também não foi trabalhar.
A família lembra que William saiu de casa, na rua Manoel Moacir Werner, bairro Barra do Rio, às 12h30. Vestindo calça jeans, camiseta verde e uma jaqueta xadrez nas mãos, ele avisou que antes de pegar o buso faria uma parada na agência do banco Bradesco na rua Alfredo Eicke, no mesmo bairro. Ele seguiu caminhando até o local com um tênis all star preto nos pés. O rapaz sacou 250 pilas e o débito foi registrado às 13h05. As câmeras da agência mostram o jovem entrando e saindo sozinho. Depois disso, William evaporou.
Continua depois da publicidade
Saque no Rio de Janeiro
Um extrato detalhado da magra conta do jovem, retirado pela mãe ontem à tarde, é a única pista q. Foram sacados R$ 400, às 6h40, dum caixa eletrônico da cidade do Rio de Janeiro. A família cogita a hipótese do guri ter sido levado pra lá por sequestradores.
Na casa de William, a reportagem do DIARINHO encontrou o pai Melinho sendo consolado por familiares. Sem palavras, o pedreiro que veio há 32 anos do Rio Grande do Sul e tem Itajaí como verdadeiro lar tá inconsolável. A gente pensa tanta coisa. Alguém pode ter pego o meu filho pra fazer algum mal, desabafa. O pai de William lembra que o garoto foi assaltado por um malaco conhecido da polícia, um tal de Dieguinho. Na época, seu Melinho chegou a conversar com o pai do marmanjo. Seu Willian relembra do assalto com a esperança que alguma informação seja útil à polícia pra descobrir o que aconteceu ao seu filho.
Delegado tá confiante que garotão vai voltar pra casa logo, logo
O delegado da segunda depê de Itajaí, Giancarlo Rossini, investiga o caso. Ele diz que é cedo para afirmar que o desaparecimento do William esteja relacionado com a bronca com Dieguinho. O delega revela que todas as delegacias de polícia do Estado foram informadas do caso. Há fotos do garoto espalhadas e buscas em hospitais mas por enquanto não há novidades sobre o desaparecimento.
Agora, as filmagens do caixa eletrônico no Rio de Janeiro serão solicitadas para dar seguimento à investigação. O delegado está confiante. Esse menino vai aparecer, ele não tem histórico de confusões, pondera.
Continua depois da publicidade
O delegado lamenta que muitas ocorrências de desaparecimento são registradas, mas pouquíssimas famílias voltam para informar quando os sumidos aparecem, o que acaba dificultando as investigações dos demais casos.
Guria de Cambu tá sumida há um mês e mãe tá desesperada
Ângela Selma de Macedo, 32 anos, não vê a filhota de 15 anos há um mês. Letícia Rodrigues Macedo dos Santos saiu de Camboriú em direção à casa do pai, no bairro Nova Esperança, em Balneário Camboriú, onde mora, na última vez que foi vista. Sem notícias do paradeiro dela, Ângela conta com a ajuda do núcleo de Prevenção às Drogas e à Pedofilia de Camboriú. Ontem, a prefa de Cambu fez uma palestra num colégio do Monte Alegre, pra exibir depoimentos de pais que tiveram filhos desaparecidos e pra orientar os dimenores.
Letícia saiu de casa no dia 6 de setembro perto das 14h30, pegou um mototáxi e desapareceu no meio do caminho. Até hoje tô sem notícias, diz, inconformada, a mãe. Ela chegou a receber um telefonema no dia 11 de setembro supostamente da filha pedindo socorro, mas a ligação caiu e ela não teve mais nenhum retorno. O caso tá com o núcleo, que faz parte do conselho Tutelar, e também foi repassado pra polícia Civil. Até agora, não há novidades na investigação.
Continua depois da publicidade
Sensibilizados com a história de Ângela, que infelizmente não é a única mami de Camboriú nessa situação, a prefa e o núcleo de Prevenção fizeram um evento na escola Anita Bernardes Ganancini, no Monte Alegre. Lá é justamente o local em que Letícia estudava e onde tem o maior índice de desaparecimentos. Nós convidamos várias mães de adolescentes que fugiram de casa para dar um depoimento sobre o desespero que os pais sentem quando o filho abandona o lar, mostrando os perigos que é sair, se aventurar. Muitas [adolescentes] voltam grávidas, usando drogas, alerta Manoel Mafra, diretor do núcleo.