Uma bronca entre uma ONG e a prefa peixeira pode deixar sem lar 14 crianças, que vivem em condições de vulnerabilidade. A direção da associação Passos de Integração, que é responsável por três programas sociais, informou em carta aberta à população que não irá renovar os convênios com a administração municipal, que encerram no próximo mês. O pessoal da entidade acusa as otoridades peixeiras de negligência na gestão dos projetos sociais. A prefa responde que deu apoio à entidade, e que já está procurando uma nova instituição pra gerir os projetos que envolvem as crianças, pra não deixá-las sem abrigo.
Ao todo, a instituição abriu mão de mais de R$ 500 mil que recebia anualmente pela gestão dos projetos Recanto Infantil, de acolhimento institucional; Acolher e Cuidar, de apoio e acompanhamento ...
Ao todo, a instituição abriu mão de mais de R$ 500 mil que recebia anualmente pela gestão dos projetos Recanto Infantil, de acolhimento institucional; Acolher e Cuidar, de apoio e acompanhamento de egressos do lar; e Com Viver, de famílias acolhedoras. De acordo com o presidente da Passos de Integração, Raciel Gonçalves Junior, as broncas que levaram à desistência do convênio não são por causa de dindim, mas sim por má gestão por parte da prefa. Infelizmente, não vamos renovar os convênios por causa da falta de gerenciamento adequado. Não há uma continuidade dos trabalhos. A própria mudança frequente de secretários na área de assistência social demonstra isso. Há um descaso em toda a rede de atendimento, e isso é um problema estrutural, reclama o presidente da ONG, que trabalha na área de assistência social há mais de 10 anos na city. Ele já foi secretário municipal da Criança, do Adolescente e da Juventude na gestão Volnei Morastoni (PT).
A falta de adequação ao Estatuto da Criança e do Adolescente é outro ponto abordado pelo presidente da entidade. Para atender algumas crianças em situação de vulnerabilidade, o poder público precisa ter técnicos para casos de alta complexidade, e não tem. O sistema Único de Assistência Social [Suas] faz o repasse de verbas do governo federal, mas há uma má gestão desses recursos. Também gostaria de deixar claro que não é a questão financeira que nos fez desistir da renovação, pois estamos com todas as nossas contas em dia, afirma o mandachuva.
Jura que deu suporte
O atual secretário peixeiro da Criança, do Adolescente e da Juventude, Everton Wan-Dall Alves, garante que a prefa deu sim suporte pra associação. Eu estou na secretaria há apenas um mês, mas sempre tentamos dialogar com as
instituições que trabalham conosco. A Passos de Integração já até recebeu uma visita de nossa equipe. Infelizmente, eles não querem renovar o convênio, então só nos resta procurar uma solução para as 14 crianças que estão lá, diz o bagrão, que ainda informa quando deve ter uma resposta sobre onde a meninada ficará. Nosso plano é que as crianças permaneçam na mesma casa, mas apenas mude a instituição conveniada. Eu e a secretária de Desenvolvimento Social, Maria Juçara Pamplona, vamos nos reunir com o prefeito Jandir Bellini na próxima terça-feira, para decidir a mudança, conclui.
Perderam o lar
Em setembro, a gurizada da Maravilha do Atlântico também perdeu um abrigo, mas por motivo diferente do da city peixeira. Após receber uma pilha de processos contra a administração da Casa da Criança, a dona justa fechou o local e transferiu cerca de 30 pequenos em situação de risco. Entre as denúncias tinha abuso sexual, maus tratos, aliciamento de menores ao mundo do crime, má administração e até desvio de dinheiro público. Boa parte da gurizada foi parar num lar em Camboriú.