Apesar de novo e recém inaugurado, o hospital municipal Ruth Cardoso, aberto pra substituir o detonado hospital Santa Inês, no Balneário Camboriú, não tem condições de receber todos os pacientes que eram atendidos na outra unidade. No novo espaço não rolam atendimentos de alta complexidade e pessoas dodóis que deram as caras por lá já tiveram que ser transferidas pro hospital Marieta Konder Bornhausen, do Itajaí.
O Ruth abriu as portas em 10 de outubro e, aos poucos, os trampos foram sendo transferidos pra lá. No mês passado, o atendimento de urgência e emergência do Santa Inês fechou as portas pro povão ...
O Ruth abriu as portas em 10 de outubro e, aos poucos, os trampos foram sendo transferidos pra lá. No mês passado, o atendimento de urgência e emergência do Santa Inês fechou as portas pro povão que precisa do sistema Único de Saúde (SUS) e a referência do município passou a ser o novo hospital. Mas, apesar de ser o modelo e principal ponto de atendimento médico na city, o Ruth não tem condições de receber todos os pacientes que eram acolhidos pelo Santa Inês.
O chefão da nova unidade, doutor Marco Fatuch, admite que por lá não há atendimentos de alta complexidade. Com isso, não podem receber pacientes com hemorragia ou que tenham um treco no coração e precisem de cirurgia urgente, por exemplo. O estado, ao não me habilitar, diz que não tenho competência para fazer isso, explica. Segundo o dotô, o Ruth precisa de investimentos em equipamentos e uma UTI especializada pra dar conta dos trampos mais complexos.
Teve até bafão
Na madrugada de segunda, uma paciente foi despachada de lá, o que rendeu até registro na polícia. A muié foi atendida pelo Samu com um piripaque no coração e precisava fazer uma cirurgia pra troca de stent, que é uma espécie de mola que abre as veias entupidas. Como o Ruth não tinha condições de atender o caso, rolou o maior bafafá entre os socorristas, médicos e paciente, e o bafão só acabou com a chegada dos fardados. A mulher acabou conduzida ao Marieta.
Quem também tá com dificuldade pra conseguir vaguinhas no Ruth são os colegas do hospital de Camboriú. Como a unidade da city vizinha não presta os serviços de alta complexidade, até então encaminhava os pacientes pro Santa Inês, que era a referência da região. Antes ia pro Santa Inês, que tinha o serviço, mas no Ruth não está funcionando, diz o chefão do hospital de Cambu, Edson Bianor, lembrando que o maior perrengue na Capital da Pedra envolve pacientes que precisam de tratamento de ortopedia.
Santa Inês não era habilitado
A galera do Balneário garante que tá suando a camisa pra transformar o Ruth em alta complexidade. O secretário de Saúde José Roberto Spósito afirma que já compraram um tomógrafo e mais aparelhos pra dar um gás nos serviços. Ele afirma que o hospital foi construído no governo anterior pra ser média complexidade, mas não querem deixar o povão chupando o dedo.
Já o dotô Fatuch lembra que o Santa Inês prestava os serviços de alta complexidade sem estar habilitado. Como contava com os equipamentos, acabava atendendo a galera malemal, mesmo sem ter autorização pra prestar os serviços e sem receber verba pro trabalho. O ainda administrador do Santa Inês, Eroni Forest, admite que a unidade perdeu a habilitação pra alta complexidade há cerca de cinco anos, mas mantinha o atendimento pra não deixar os pacientes na mão. Nossa prioridade era salvar o paciente. O Santa Inês tinha um coração, lutava pela vida humana, detona Eroni.
Sobrecarregado
A maioria dos casos que não são atendidos hoje pelo Ruth Cardoso está sendo levada pro hospital Marieta, referência na região no atendimento cardíaco. A assessoria de imprensa da unidade peixeira informa que tem recebido mais pacientes após o fechamento do Santa Inês, em 20 de outubro, mas não divulga números. Afirma que, por enquanto, está dando conta do trampo.