
Histórias que eu conto
Por Homero Malburg -
Homero Bruno Malburg é arquiteto e urbanista
Questão de tamanho

Quando Bombinhas emancipou-se de Porto Belo, elegeu em 1996, sua primeira administração municipal: Prefeito e vereadores. Meu bom amigo, seu Maneca proprietário do restaurante Kioski em Canto Grande, foi eleito o primeiro prefeito. Homem de pouco estudo, mas inteligente e dono de uma integridade moral acima de qualquer suspeita, fez de sua administração um exemplo de como sair do nada e entregar no final do governo, um município organizado, com obras de vulto, escolas construídas e um Plano Diretor de Desenvolvimento que infelizmente as administrações posteriores não fizeram vingar.
Basta ver que de Porto Belo recebemos além de uma “Caravan” velha e uma moto-niveladora muito usada, um monte de projetos de edificações de legalidade duvidosa, aprovados na última hora, inclusive no dia de Natal! Começamos a trabalhar sobre uma mesa construída com uma chapa de “Madeirit” doada por um construtor, apoiada sobre cavaletes e o material – papel, lápis, canetas, etc, que cada secretário conseguia arrecadar.
Como nós temos uma casa em Canto Grande e me propus ajudá-lo, chamou-me para assessorá-lo na Secretaria de Urbanismo, que por quatro anos ocupei, com muito, muito prazer. Avesso a compromissos e atrelamentos partidários, o prefeito Manoel Marcílio dos Santos, montou uma equipe competente e confiava plenamente nela.
Município pequeno, faltava de tudo. Dos restaurantes que fechavam fora de temporada, as coisas mais básicas. Faltava o Correio, faltava o Banco.
Com o tempo e muita batalha, foi aberta uma agência dos Correios e o BESC pela pequenez do município, não instalou uma agência: apenas um “posto de serviço”. E todo este dia-a-dia da implantação era assunto comentado pela população e pelos funcionários da Prefeitura.
Foi então que chegou o momento de promovermos o primeiro concurso público. Como não havia dinheiro para pagar tal trabalho, nós mesmos nos unimos para redigir as provas. Provas estas que eram extremamente diferenciadas – do operário braçal ao motorista, ao técnico, ao engenheiro, ao advogado.
E, a partir de então, cada um de nós deu o que tinha de melhor na preparação do concurso. Foi aí que a dona Zelândia, secretária de Educação, professora, na prova de português, fez uma questão sobre diminutivos. Pediu o diminutivo de farol, esperando não um farolzinho mas sim, um farolete de resposta; de saia, querendo um saiote e não uma saiazinha.
E eis que, de repente, no diminutivo de banco (banqueta), surgiu a grande “pérola” do concurso. Alguém, muito atualizado com problemas do novo município, não teve dúvidas – banco? Diminutivo de banco? Claro! Posto de serviço.