
Histórias que eu conto
Por Homero Malburg -
Homero Bruno Malburg é arquiteto e urbanista
Retrato de formatura
Um dia destes, encontrei na rua o Sabino Tomelin, que me perguntou se eu tinha a nossa foto de formatura do Ginásio, em 1960. Após uma busca em meus guardados, lá estava ela, um postal preto-e-branco. Graças a tecnologia do xerox, mandei ampliá-la e com paciência tentei identificar cada um dos formandos. Éramos em trinta e oito. Na foto, somos trinta e seis (faltaram dois) mais os padres Otávio Bortollini e João Chiarot perfilados em frente a igreja Matriz, cinco filas, em degraus sucessivos. Todos impecáveis de terno azul-marinho, camisa branca, gravata borboleta preta, sapatos e meias pretas: o traje da formatura.
E que formatura! Missa na Matriz, colação de grau na Sociedade Guarani. Fomos a primeira turma que cursou de ponta a ponta o que o Ginásio Salesiano oferecia: Curso de admissão em 1956 à quarta série ginasial em 1960. Dai para diante, cada um seguiu seu caminho – cursar contabilidade em Itajaí, em outras cidades o científico e o clássico, ou simplesmente parar de estudar. Nesta época não tínhamos ainda preocupações com o futuro. De vestibular, quase não se falava. Isto explica a grande importância que se dava ao curso ginasial concluído: era uma etapa vencida; já se podia conseguir emprego com ele; seguir adiante era uma questão de ambição e principalmente de posses de cada família.
Com esta debandada de muitos colegas só ficou aquele retrato. Tentei identificá-los. Alguns, não consegui. Apelei para uma outra foto, a do quadro de formatura, decorado com os pilares do palácio da Alvorada, referência à nova capital federal inaugurada em abril daquele ano. Letrinha miúda, uma boa lente de aumento e decifrei todos. Com alguns, depois destes quarenta e dois anos ainda temos contato, outros sumiram. Cadê José Macedo da Silva, Irajá Ziesemer, Carlos Afonso Silva, Jose Bittencourt, Michael Wimmer, Rui Zimmermann e o César Z. de Bittencourt? Este último junto com o Osmar Vinholi são os dois que faltaram ao retrato. Vi há pouco tempo, o Valdir Isidoro da Silveira e o do “Mano” – Emmanuel Appel, sei de suas aventuras políticas no PT do Paraná. Do resto da turma existem aqueles com quem “topamos” sempre; os demais, sabemos onde moram e o que fazem. Atrás de mim e na minha frente na foto, os dois que nos deixaram – João Américo Watzko e o Hamilton Eicke, este recentemente.
Bem em cima daquele quadro de formatura, junto aos homenageados, a foto do professor Pedro Ghislandi. Encontrei com outro colega daqueles tempos, o Silvio Noel de Oliveira e comentamos sobre este grande mestre. Era pau pra toda obra: sabia de todas a matérias. Lembro-me de ter aula com ele de matemática, português, história, geografia, francês e inglês. O professor Pedro tinha o chamado “saber-universal” que transmitiu para muitas gerações de jovens. Na falta de justa homenagem a tão caro mestre, fica aqui registrado a boa lembrança que ele nos traz e a nossa gratidão.
Valeu, Sabino, por teres motivado esta volta ao passado, e me dado o assunto para mais esta crônica!