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Histórias que eu conto

Por Homero Malburg -

Homero Bruno Malburg é arquiteto e urbanista

Tempo de festa I


A festa de nossa Primeira Comunhão feita normalmente aos oito, nove anos, era uma ocasião especial. Era costume nesta datam ganharmos nosso primeiro relógio de pulso. Suíço, como quase todos os que haviam, era um modelo mais simples, de corda manual. Os modelos automáticos eram presente para mais tarde, nossos pais eram muito parcimoniosos. Na ânsia de não deixarmos “faltar corda”, muitas vezes a arrebentávamos e tais relógios viviam no conserto, independentemente de quantos rubis pudessem ter. Dos convidados ganhávamos missais, livros, terços e o melhor, envelopes com dinheiro.

Minha primeira comunhão foi em maio de 1955, na Igreja Matriz, cheia de andaimes, em fase de acabamento – seria inaugurada em novembro. Lembro-me bem da justificativa que me deu por não ter ido à minha festa, a professora D. Hilda Mello; simplesmente 10 de seus alunos tinham também suas festas no mesmo dia. Como não podia ir a todas, ficou em casa.

Trajávamos nosso primeiro terno, azul-marinho, calças curtas, camisa branca com gravata. Dias antes, havia uma pré-estreia do traje, quando o vestíamos para o tradicional foto de estúdio. Domingo de manhã, com uma vela branca enfeitada com belo laço de fita na mão, íamos absortos e piedosos para a igreja. Esta, pelo menos era a ideia. Inventamos de “lutar espada” com a vela e entrei na missa com ela quebrada.

Depois da cerimônia o almoço com a família, e depois, o café da tarde com os outros convidados e os amigos. Já sem paletó e gravata, nos esbaldávamos em nosso grande quintal e no final distribuíamos o “santinho” de lembrança; uma estampa religiosa impressa no verso com nosso nome e data da cerimônia.

Aliás, com o tal café da tarde era como se comemoravam também todos os aniversário. Mesa posta, os adultos comiam café com bolo. Nós, pequenos, preferíamos as gelatinas, os sanduíches feitos com pão de forma com queijo e patê e principalmente, uma iguaria típica da época; no centro na mesa um mamão verde todo espetadinho com palitos de queijo, rodelinhas de pepino e salsichas. Depois da invasão da rapaziada, sobrava o mamão. Tudo isso regado a gasosa ou capilé de framboesa.

Meu aniversário, em julho, tinha suas vantagens. Em férias, não tínhamos que nos preocupar com estudar ou fazer tarefas para o dia seguinte: Thalia, minha irmã fazia aniversário, um dia antes, e nossa festa sempre era em conjunto. Os amigos, vinham todos. Ninguém nesta época costumava viajar nas férias. Exceção era o Luiz Felipe Alencastro – hoje historiador e presença constante na revista Veja – cuja família viajava anualmente para Goiás e que retornava em agosto com histórias que nos deixava, babando de inveja.

Lembro-me dos aniversário do Humberto Narciso, em maio, onde as brincadeiras acabavam sempre em torneio de futebol de botão. Nos aniversários do Zezo Zimmermann, em setembro, uma brincadeira nova. O Dr. Carlos Paulo Pfeilsticker, seu avô, era uma das poucas pessoas que tinham na época, telefone em casa. Aí, nos divertíamos passando trotes: “A senhora podia me informar se penico de barro na chuva enferruja ou para o Sr. João Fábio que solicito respondia que, tinha sim, sardinhas em lata para em seguida ouvir: “Então, solte as coitadinhas!”


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