O Brasil não prioriza o Turismo, mesmo sendo o feliz proprietário do maior potencial natural e do oitavo maior potencial cultural do planeta para o desenvolvimento da “economia do turismo”, segundo estudo do WTTC, o Conselho Mundial de Turismo e Viagens.
 
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O turismo impacta mais de uma centena de setores, constituindo-se no maior empregador do mundo e, segundo o mesmo WTTC, caberá ao turismo a geração de mais de 25% dos empregos globais nos próximos 10 anos. Diante de tantas evidências, priorizar o turismo deveria estar no centro da estratégia do país. Mas, muito pelo contrário, os estudos confirmam não só a baixa atenção como também a descontinuidade das políticas governamentais em favor do turismo no Brasil.
Encurtando a história, estes estudos coincidem sobre o motivo central do relativamente baixo desempenho do Brasil: a já mencionada falta de priorização de políticas e estratégias governamentais de apoio à economia do turismo.
Quando observadas as vantagens comparativas do turismo brasileiro perante o resto do mundo, só encontramos um único grande e bom rival, nosso fortíssimo agribusiness. São potenciais que advém do tamanho, das terras, do sol e das águas. A diferença: o agro brasileiro está integrado às cadeias de produção internacionais. E suas empresas tiveram muito mais liberdade para empreender. Só para comparar, um ano de Plano Safra oferece R$ 340 bilhões enquanto a linha especializada Fungetur do Ministério do Turismo conta hoje com menos de R$ 1 bilhão.
Enquanto no agro a evolução foi sistêmica, no turismo foi espasmódica. Como as cadeias de produção do turismo são mais variadas e complexas, as ações necessárias são mais detalhadas. Mais grave ainda, pelos estudos internacionais, o ambiente de negócios para desenvolver empreendimentos de turismo no Brasil está entre os cinco piores do mundo. O pior sintoma se apresenta na marcante insegurança jurídica que afasta investidores brasileiros e estrangeiros.
Aqui a negação política aparece com grande evidência e até cinismo, resultando num célebre “virem-se”. O equívoco no limite da visão é o não entendimento de que o turismo passou de vagão para locomotiva econômica.
Está passando da hora de mudar esta história a partir das premissas que moveram os países bem-sucedidos a apoiarem suas economias do turismo. Falta sairmos da negação política.
* Vinícius Lummertz é Presidente do Conselho do Grupo Wish. Foi ministro do Turismo, presidente da Embratur e secretário de Turismo do Estado de São Paulo.