Colunas


Vinicius Lummertz

Por Vinicius Lummertz - vinicius.lummertz117@gmail.com

Economia do visitante: o fato busca definição


* Ex-ministro e secretário de Turismo e Viagens do Estado de São Paulo

 

Já possui cadastro? Faça seu login aqui.

OU

Quer continuar lendo essa e outras notícias na faixa?
Faça seu cadastro agora mesmo e tenha acesso a
10 notícias gratuitas por mês.

Cadastre-se aqui



Bora ler todas as notícias e ainda compartilhar
as melhores matérias com sua família e amigos?

Assine agora mesmo!


Do alto do Corcovado, o nonagenário Cristo Redentor é um símbolo do Brasil. Não há que não o associe a imagem ao país. Essa cristalização é favorável ao turismo nacional, em particular ao Rio de Janeiro. Poucos lugares têm algo tão límpido. A ele, naturalmente, somam-se outros: a Amazônia, imensa e muitas; Foz do Iguaçu que rivaliza com o Redentor como símbolo internacional; as praias do Nordeste; o skyline da Av. Paulista; o bucolismo do Pantanal; o perfil arquitetônico de Brasília. Entre os intangíveis, o samba, os saberes culinários e até a amabilidade dos brasileiros.

Em Santa Catarina também temos bons exemplos: a Ponte Hercílio Luz, nosso eterno cartão postal, unindo ilha e continente; a Pedra Furada em Urubici e a imponente Serra do Rio do Rastro; o Farol de Santa Marta e os botos pescadores de Laguna; enfim, uma riqueza enorme – sem contar nossas festas “étnicas”, que têm o ponto alto na Oktoberfest de Blumenau, e que nasceram das tradições que trouxemos dos nossos antepassados, como eles faziam e ainda fazem na Europa.

Mas, voltando à dimensão nacional, tudo junto e misturado, temos acima, no primeiro parágrafo, dez entre 10 possíveis descrições dos ativos turísticos brasileiros. Façamos uma reflexão: o que foi “criado” visando o desenvolvimento turístico nacional ou local? Donga, ao gravar o primeiro samba, não estava pensando que aquela seria a trilha sonora do Brasil no mundo; quando sonhou com o Cristo em 1859, Pierre-Marie Boss não considerou o “place branding”, ou a “marca do lugar”, numa tradução literal. Talvez a única exceção, do ponto de vista da iconografia, seja a arquitetura de Oscar Niemeyer na Capital Federal.

Esse conjunto, contudo, faz com que seis milhões de estrangeiros visitem o Brasil; quase dois milhões vão ao Cristo; 44 milhões de viagens internas pelo Estado de SP. Podemos acrescentar: os seis milhões de turistas em Gramado, de 37 mil moradores; 60 milhões que vão para Nova York – resultados que alteram o ritmo das cidades e cidadãos.

Olhar o consumo de um destino como resultados do que se convencionou chamar de “Turismo” empobrece o debate e dificulta a tomada de decisões que ajudarão no desenvolvimento da chamada “economia do visitante”.

Pelo conceito, ainda não definitivo, são desconsiderados os esforços que cidades, estados e países – e seus moradores – fazem para a criação de um lugar melhor para todos, independente se locais ou visitantes.

Ao fechar o foco das análises econômicas e sociais no “turista”, temos resultados que mostram parte da história. Exemplificando: dois milhões de turistas visitaram o Cristo, com impacto econômico de R$ 1,4 bilhão. É um dado, mensurável, que mostra a importância do cartão postal. Mas é somente isso? E os investimentos feitos, independente do acesso por van ou no trenzinho? Existiriam, hoje, sem o afluxo de turistas? E o consumo em cascata e democrático desses visitantes, que escapa das análises e vai da construção civil ao agro e aos serviços diversos que são gerados? Não se trata apenas de olhar a conta satélite ou atividades induzidas.

A “economia do visitante” procura ampliar o olhar: sai o foco no turista e entra em tudo o que é feito ou motivado, total ou parcialmente, a partir daquela expectativa de consumo. Nova York e outros destinos ainda sofrem com o consumo autóctone e a ausência dos turistas.

Os serviços que atendem diretamente quem vem de fora – transportes, hotéis, agências de receptivo – são usados como parâmetro quando se pensa na dimensão economia e social das “viagens e turismo”. Não está errado, mas não é só isso. É importante tirar o foco do turista e colocar em tudo o que é feito para recebê-lo, com exclusividade ou de forma compartilhada – isso é a “economia do visitante”.

Um novo conceito que precisa ser aprofundado, para que se possa compreender em toda a sua dimensão aquilo que hoje chamamos de Turismo – e ultrapassar esse limite, inclusive para muito além dos 58 setores (já se fala em mais de 100) que hoje são impactados por ele.


Comentários:

Deixe um comentário:

Somente usuários cadastrados podem postar comentários.

Para fazer seu cadastro, clique aqui.

Se você já é cadastrado, faça login para comentar.

Leia mais

Vinicius Lummertz

Pelo turismo no novo PAC

Vinicius Lummertz

O Turismo será o novo Petróleo

Vinicius Lummertz

O Turismo e a negação política

Vinicius Lummertz

Turismo, para um Feliz Ano Novo

Vinicius Lummertz

SC do futuro: o caso das BRs é político

Vinicius Lummertz

SC do futuro: nas BRs, 2023 pode ser pior do que 2022

Vinicius Lummertz

Coluna 100 - SC do futuro: fim ao caos das rodovias federais

Vinicius Lummertz

SC do futuro: basta às tragédias climáticas

Vinicius Lummertz

SC do futuro: água, saneamento e energia

Vinicius Lummertz

SC do futuro: oferta de serviços e inclusão social

Vinicius Lummertz

SC do futuro: 2º turno deve privilegiar propostas

Vinicius Lummertz

SC do futuro: o voto responsável no domingo

Vinicius Lummertz

SC: propostas para o debate sobre o futuro

Vinicius Lummertz

Santa Catarina: as melhores cidades, PIB nas alturas. Por quê?

Vinicius Lummertz

O Turismo pode ser o nosso novo Agro   

Vinicius Lummertz

Eletivas de Turismo, por que não SC?

Vinicius Lummertz

Bolshoi SC 22 anos: o palco da esperança

Vinicius Lummertz

Parques naturais para o Turismo Catarinense

Vinicius Lummertz

Novo plano para SC: o desafio das cidades

Vinicius Lummertz

Políticas públicas duradouras para SC



Blogs

A bordo do esporte

Novidades da vela oceânica brasileira debatidas pela ABVO e Velejar

Blog da Ale Francoise

Sintomas de Dengue hemorrágica

Blog da Jackie

Cafezinho na Brava

Blog do JC

David é o novo secretário de Educação de BC

Blog do Ton

Amitti Móveis inaugura loja em Balneário Camboriú

Gente & Notícia

Warung reabre famoso pistão, destruído por incêndio, com Vintage Culture em março

Blog Doutor Multas

Como parcelar o IPVA de forma rápida e segura

Blog Clique Diário

Pirâmides Sagradas - Grão Pará SC I

Bastidores

Grupo Risco circula repertório pelo interior do Estado



Entrevistão

Entrevistão Peeter Grando

“Balneário Camboriú não precisa de ruptura, mas de uma continuidade”

Juliana Pavan

"Ter o sobrenome Pavan traz uma responsabilidade muito grande”

Entrevistão Ana Paula Lima

"O presidente Lula vem quando atracar o primeiro navio no porto”

Carlos Chiodini

"Independentemente de governo, de ideologia política, nós temos que colocar o porto para funcionar”

TV DIARINHO




Especiais

NA ESTRADA

Melhor hotel do mundo fica em Gramado e vai abrir, também, em Balneário Camboriú

NA ESTRADA COM O DIARINHO

6 lugares imperdíveis para comprinhas, comida boa e diversão em Miami

Elcio Kuhnen

"Camboriú vive uma nova realidade"

140 anos

Cinco curiosidades sobre Camboriú

CAMBORIÚ

R$ 300 milhões vão garantir a criação de sistema de esgoto inédito 



Hoje nas bancas


Folheie o jornal aqui ❯








MAILING LIST

Cadastre-se aqui para receber notícias do DIARINHO por e-mail

Jornal Diarinho© 2024 - Todos os direitos reservados.
Mantido por Hoje.App Marketing e Inovação