
Espaço InovAmfri
Por Paulo Bornhausen - pbbornhausen@gmail.com
Energia do futuro

O mercado internacional de energia está movimentado. Até 2021, o grande motor do setor era a busca por meios de geração a partir de fontes renováveis como resposta às mudanças climáticas. Desde o começo deste ano, a guerra na Ucrânia e as sanções contra a Rússia, importante produtor de gás, petróleo e carvão, embaralham o cenário. Como consequência, o preço da produção de energia no mundo subiu. O esforço europeu de desligar usinas antigas e nucleares para a redução de emissões de gases do efeito estufa deve ser revisto.
Se não é possível o desligamento completo dos combustíveis fósseis para a produção energética, o aumento dos preços reforça a importância de buscarmos alternativas, com inovação e tecnologia, que garantam o suprimento energético para as gerações futuras. Na produção de energia com fontes renováveis, Santa Catarina avançou bastante nos últimos anos. Entre 2018 e 2020, nosso estado apresentou o segundo maior crescimento na produção de energia eólica do Brasil, atrás apenas de São Paulo, de acordo com dados do Ministério de Minas e Energia. Mais impressionante é o crescimento da produção de energia solar: aumento de quase 510% no mesmo período. Mas o caminho é longo. As duas fontes respondem apenas por 5% da capacidade instalada. Hoje, 75% da capacidade do estado concentra-se na produção hidroelétrica, também renovável.
Santa Catarina, com a sua força empreendedora e seu ecossistema de inovação consolidado, tem muito a oferecer ao setor. A WEG, uma das maiores empresas catarinenses com sede em Jaraguá do Sul, é um exemplo. Há anos ela investe em produtos para atender a demanda por soluções sustentáveis para o segmento energético. É tecnologia e pesquisa com selo de qualidade catarinense exportadas para muitos países.
Recentemente, a WEG anunciou uma parceria com a BMW do Brasil e a Energy Source no desenvolvimento de um sistema de recarga rápida para veículos elétricos com o uso de painéis solares, o que garante a carga elétrica mesmo que o sistema não esteja conectado à rede. Em 2021, foi instalado no parque eólico da Engie, em Tubarão, o primeiro gerador de energia dos ventos desenvolvido no país. Foram 10 anos de pesquisa no projeto liderado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em parceria com a WEG, responsável pelo projeto do motor, a Engie, a Celesc e a empresa cearense Aeris. O motor pode produzir energia para uma cidade com cerca de 10 mil residências.
Conquistas como estas nos enchem de alegria de ser catarinense. Os empreendedores estão fazendo a sua parte. O Estado precisa acompanhar a criação e atualização de políticas públicas para o desenvolvimento do setor, o estímulo à inovação e escolhas inteligentes. Destaco como exemplo o Sistema de Transporte Coletivo Regional (STCR) da Amfri. O STCR, elaborado no âmbito do programa InovAmfri, deverá ser o primeiro sistema de transporte coletivo em nível mundial com 100% da frota movida a energia elétrica, com estudos técnicos e de viabilidade avaliados pelo Banco Mundial.
As novas tecnologias do setor energético fazem dele um dos segmentos estratégicos do futuro que queremos para Santa Catarina. Ganha o meio ambiente e a economia, com as oportunidades da fronteira do conhecimento.