Na gestão pública inovadora, a tomada de decisão pelos gestores e líderes precisa estar baseada em informações confiáveis e de qualidade. Com tantos dados sendo gerados a cada segundo e a sociedade civil mais atenta à eficiência e transparência, as políticas públicas generalistas elaboradas com base exclusivamente na intuição vão perder espaço. O desafio para os administradores do futuro é buscar, elaborar e atualizar bases de dados e levantamentos de informações que possam ajudá-los a definir os rumos das cidades e regiões, dos estados e do país.

Quando assumi a Secretaria de Desenvolvimento Econômico Sustentável de Santa Catarina em 2011, encontrei uma série de iniciativas e demandas por dados e planejamentos, especialmente na área ambiental. Uma delas, o levantamento aerofotogramétrico despontava como um poderoso instrumento de gestão a ser entregue para todos os municípios durante aquela administração.

Este levantamento resultou em mais de 70 mil fotos de todo o território catarinense, organizadas em uma das bases de dados geoespaciais mais precisas do Brasil naquele momento, com inúmeras possibilidades de uso para a gestão territorial sustentável, como a elaboração de planos diretores municipais, o planejamento de ocupação territorial, a regularização fundiária ou o auxílio na definição de áreas de risco. O levantamento aerofotogramétrico ajudou os municípios e regiões que fizeram uso de todas suas potencialidades a organizar e planejar ações em diversas frentes.

Entre 2011 e 2012, três aeronaves sobrevoaram o território do estado para fotografá-lo em alta definição. Isso nos permitiu conhecê-lo com riqueza de detalhes ímpar. O detalhamento das informações produzidas a partir das fotos aéreas era muito denso e passou por um processo de correção de possíveis distorções. O resultado era muito superior ao que sistemas como o Google Maps ofereciam na época. Todo esse trabalho garantiu ao levantamento a segurança jurídica das informações na resolução certificada de até 1:5.000. Tínhamos nas mãos informações de cada metro quadrado de Santa Catarina. As imagens estão disponíveis para consulta pública pelo Sistema de Informações Geográficas de Santa Catarina (SIG@SC), lançado em 2014.

O levantamento aerofotogramétrico estava em consonância com aquilo que estados e municípios precisavam para a gestão de excelência que buscávamos para Santa Catarina. Num curto espaço de tempo, a oferta de dados e ferramentas para os gestores aumentou em Santa Catarina. Tomamos o cuidado de não centralizar estes instrumentos. Foram compartilhados com as prefeituras e associações de municípios para elevar a gestão pública municipal e regional a um patamar muito superior à média nacional. Os municípios da Foz do Rio Itajaí receberam os discos com o software e as imagens em julho de 2013.

A busca por novas ferramentas, banco de dados, fontes de informação e o uso da inteligência de dados é um caminho inevitável para a gestão pública do futuro. Haverá espaço para tecnologias inovadoras e demanda por gestores e profissionais qualificados capazes de interpretar levantamentos e usar evidências para focar e qualificar as decisões sobre as políticas públicas que afetam o dia a dia das pessoas e que consigam corresponder às expectativas delas por serviços melhores e mais qualidade de vida.