O ODS 2 apresenta o desafio de acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar, melhorar a nutrição e promover a agricultura sustentável, questões comuns a todos os países do mundo.
Segundo o Relatório anual “O Estado da Segurança alimentar no mundo” produzido pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), aponta que até 820 milhões de pessoas passaram fome em todo o mundo, em 2020, destas aproximadamente 20 milhões estão no Brasil.
Além da fome destaca-se também a questão da má nutrição, demonstrando que 149 milhões de crianças menores de cinco anos sofriam de atraso de crescimento, mais de 45 milhões –debilitadas ou muito magras para sua altura e quase 39 milhões –acima do peso.
Parece óbvio que não há como se pensar em desenvolvimento sustentável se as pessoas não tiverem suas necessidades básicas atendidas para a manutenção da vida humana, portanto erradicar a fome e permitir uma alimentação de qualidade é o ponto central deste objetivo.
Será que os problemas da fome e má nutrição se restringem apenas pela falta de alimentos?
Você está certo se respondeu, NÃO!
O mundo produziu, em 2020, uma quantidade de alimentos saudáveis o suficiente para atender 7,7 bilhões de pessoas, ou seja, toda a população global, o que em tese, asseguraria a erradicação da fome, mas porque isto não ocorre e quase 11% de pessoas ainda passam fome?
Bem, esta não é uma questão tão simples de se responder pois envolve muitos fatores, que extrapolam a disponibilidade de alimentos e dizem respeito também a qualidade da nutrição, o acesso aos alimentos (segurança alimentar) e aos meios de produção e agricultura sustentável.
Destacam-se dentre as principais causas destes problemas a pobreza e a desigualdade social, a pandemia, a concentração de renda, a cultura de uma alimentação pouco nutritiva, as guerras entre povos, a disputa econômica, a vontade política, as questões climáticas e o consumo e produção inadequados e o desperdício de alimentos.
Segundo dados do IBGE (2020) estima-se que só no Brasil são desperdiçadas 41 mil toneladas de alimentos no ano, o que equivale a uma média de 128 quilos por família. Acrescenta-se ainda ao desperdício a má distribuição dos alimentos entre os países, uma vez que a produção de alimentos está concentrada em cinco grandes fornecedores mundiais (Brasil, China, Estados Unidos, Índia e Rússia). A questão dos commodities, guerras econômicas, barreiras alfandegarias, sanções políticas, a produção em escala e uso indiscriminado de agrotóxicos, o impacto negativo do marketing alimentar (fast food) são outros fatores que se somam as possíveis causas da fome e da má nutrição.
Portanto para se alcançar o ODS 2 deverão ser adotadas soluções inovadoras e integradas que superem os desafios propostos neste objetivo, como por exemplo: valorizar a produção da agricultura familiar e sustentável incentivando o pequeno produtor, integrar políticas públicas, fomentar medidas de proteção social assegurando condições econômicas aos mais vulneráveis, melhorar a cadeia de abastecimento e redução de custos de alimentos, evitar o desperdício de alimentos, estimular o hábito da alimentação saudável e por fim compreender que todos somos responsáveis e podemos contribuir com ações que proporcionem maior dignidade e condições de igualdade para a população.
Forte abraço e até a próxima edição!