Na última semana tivemos uma grande notícia para a região da Foz do Itajaí. O CIM-AMFRI firmou um contrato com a Caixa Econômica Federal para estruturar uma parceria público-privada (PPP) em educação infantil que irá beneficiar quase 10 mil crianças dos municípios de Balneário Camboriú, Camboriú e Luiz Alves. Esse é o resultado do trabalho competente do Consórcio Multifinalitário e do pioneirismo dos prefeitos da região que decidiram embarcar em mais um desafio inédito no Brasil. Esta é a primeira iniciativa assinada com um grupo de municípios organizados para o desenvolvimento de um projeto piloto de educação infantil em nível regional.

Precisamente, o projeto irá atender 9800 crianças de 60 escolas de educação infantil nos três municípios participantes. A estruturação da PPP contará com R$ 6,5 milhões do Fundo de Estruturação de Parceria do Governo Federal (FEP-Caixa) e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). A PPP atuará em várias frentes, como a construção de novas creches, reformas e ampliações, e na gestão e administração destes serviços.

A educação na primeira infância é de suma importância para o futuro das pessoas. Há 10 anos, eu trouxe esse assunto para o debate público. Na ocasião, eu tinha em casa uma criança de um ano. Hoje, estou novamente às voltas do tema, tanto na vida pública como em casa. O que quero para os meus filhos é o que desejo para todas as crianças. Por isso, defendo que a educação infantil seja colocada como prioridade pelos gestores públicos. Explico o porquê...

É na fase entre zero e 3 anos que os bebês e crianças pequenas começam a interagir com o mundo e a desenvolver suas habilidades de cognição, linguagem, mobilidade etc. O cérebro das crianças é como uma esponja nesta etapa da vida, absorvendo muita informação em alta velocidade. Se a educação neste momento for fraca, as chances de sucesso da criança no futuro caem consideravelmente.

Estudos comprovam os impactos da qualidade da educação infantil e seus reflexos na vida adulta. A pesquisa do Nobel de Economia James Heckman apontou a relação entre a desigualdade e o estímulo (ou falta dele) a crianças na primeira infância. Os resultados mostram que, no longo prazo, crianças com educação infantil sólida têm desempenho escolar superior, recebem salários mais altos, têm saúde melhor e participam menos em crimes. Chegou-se até a um valor financeiro: para cada dólar investido com uma criança na sua educação infantil, há um retorno de mais 14 centavos por ano durante toda a sua vida. Nas palavras do pesquisador: “É um dos melhores investimentos que se pode fazer – melhor, mais eficiente e seguro do que apostar no mercado de ações americano”.

Portanto, é dever do Estado garantir o acesso a creches para famílias cujos pais precisam trabalhar o dia todo para pagar as contas. É uma obrigação do poder público oferecer uma educação infantil de qualidade para que as nossas crianças se tornem adultos com habilidades mais desenvolvidas. Apesar de a situação da região Sul em oferta de educação infantil estar acima da média nacional, há muito trabalho a ser feito. Aqui, 37% dos municípios têm pelo menos metade das suas crianças de zero a 3 nas creches, enquanto a média nacional é de apenas 17%. Porém, ainda estamos longe da meta. Não dá para esperar os governos federal e estadual. Podemos assumir o protagonismo nesta questão e pular tanto o Brasil quanto Santa Catarina. A Amfri deu um passo importante. O foco na primeira infância na primeira PPP de educação assinada pelo CIM-Amfri foi acertada. O projeto irá abrir o caminho para novas iniciativas na região e preparar as crianças para o futuro.