Uma imensa janela de oportunidades está se abrindo no Brasil após o leilão da tecnologia 5G em novembro do ano passado. A quinta geração das redes móveis chegará nos próximos anos às mãos das pessoas por meio dos smartphones, possibilitando que naveguem pela internet numa velocidade até 100 vezes maior do que o 4G. Isso é apenas a ponta do iceberg. A grande revolução do 5G estará na forma como as “coisas” se conectam à rede, se comunicam entre si e realizam atividades de forma autônoma, desde utensílios domésticos, passando por carros autônomos, até cidades inteligentes com sistemas e serviços interligados. Big data, robótica, serviços na nuvem, inteligência artificial, metaverso e realidade aumentada terão um crescimento exponencial com as capacidades de troca de informação da nova rede.

O 5G terá impactos econômicos gigantescos para o Brasil. Um estudo encomendado pela Nokia apontou um incremento de US$ 1,2 trilhão do PIB brasileiro até 2035 com aumento da produtividade dos setores de tecnologia, TIC, manufatura, agricultura, mineração, serviços, varejo e até na administração pública. No mercado de trabalho, o 5G abrirá novas vagas para profissionais do futuro. Esse é justamente o sonho da maioria dos jovens brasileiros nos dias de hoje. Apenas em 2022, serão cerca de 50 mil vagas para profissionais de tecnologia e engenharia. Esse número subirá para 670 mil postos de trabalho em diferentes áreas até 2025.

A chegada da tecnologia 5G é o capítulo mais recente da modernização das telecomunicações no Brasil, iniciada em 1997 com a privatização do Sistema Telebrás. Participei de perto daquele momento como presidente da Comissão Especial e sub-relator das privatizações na Câmara dos Deputados. Política pública maiúscula resultante desse processo, a Lei Geral de Telecomunicações estava à frente do seu tempo. Com ela, o Brasil liderou mundialmente as modificações no setor de telecomunicações no final dos anos 90. O nosso modelo de desestatização das telecomunicações tornou-se referência e foi copiado por várias nações. Uma verdadeira revolução em favor do usuário. Antes o telefone era um artigo de luxo, custava até US$ 5 mil e a lista de espera para comprá-lo podia superar 2 anos. Hoje, uma nova linha de celular pode ser habilitada em minutos por menos de R$ 20.

Passadas duas décadas, o Brasil dispõe da quinta maior infraestrutura de telecomunicações do mundo. Segundo dados do setor, as operadoras investiram neste período mais de R$ 1 trilhão, em valores atualizados. A arrecadação de impostos é de R$ 60 bilhões por ano. A desestatização trouxe produtividade e crescimento econômico, aumentou a arrecadação e o investimento privado, conectou e incluiu os brasileiros.

São conquistas que precisam ser multiplicadas. Estamos no alvorecer da próxima revolução tecnológica. O 5G irá moldar a vida das pessoas e impulsionar economias para o futuro. O Brasil deve acelerar a adoção da nova rede móvel e o desenvolvimento de novas tecnologias por setores estratégicos a fim de garantir os ganhos. O atraso significa ficar para trás no competitivo mercado internacional. O novo mundo do 5G chegou trazendo uma chance de ouro para o Brasil voltar para o centro da arena dos grandes players internacionais. O desafio é fazer as escolhas certas e garantir os avanços pelos próximos 20 anos.