Espaço InovAmfri
Por Paulo Bornhausen - pbbornhausen@gmail.com
Futuro verde e digital
Um dos efeitos da pandemia no dia a dia das pessoas foi a incorporação de tecnologias que, mesmo existentes anos antes, estavam confinadas a situações específicas. Um exemplo bastante evidente é a adoção das videoconferências e expansão do trabalho remoto. Quantas pessoas conheciam e utilizavam diariamente aplicativos como o Zoom antes de 2020? A onda de digitalização ocasionada pela Covid-19 fez com que empresas modernizassem parte das suas operações, quando não totalmente, em uma velocidade nunca observada na história. Foi uma mostra de que a transformação digital pode avançar rapidamente diante da necessidade humana. Desse processo transformador, um grande beneficiado deve ser o meio ambiente.
Uma conclusão dos especialistas no tema é de que a transformação verde deve estar associada à transformação digital. Basicamente, a transformação digital é a integração de novas tecnologias digitais no cotidiano das pessoas e empresas. Vários setores já passaram por mudanças profundas nas últimas décadas, mas muita coisa ainda está por vir. O uso de equipamentos mais modernos, práticas de gestão de insumos inovadoras, a análise e o processamento de dados ambientais e a adoção da inteligência artificial, entre outras tantas tecnologias, têm enorme potencial na busca por soluções para mitigar impactos ambientais tanto no meio urbano quanto no meio rural.
São transformações que demandarão centenas de bilhões em investimentos nas próximas décadas, gerando novos empregos e renda para as pessoas. Na Europa, por exemplo, o Banco Central Europeu estima que será necessário investir mais de 300 bilhões de euros até 2030 para viabilizar a transformação verde e outros 125 bilhões de euros para a transformação digital. Não dá para ficar alheio a essas mudanças ou ficar olhando enquanto outras nações avançam. O Brasil tem um papel vital nesta missão e deve assumir a liderança que lhe cabe sob o risco de perder posições em setores econômicos estratégicos para o país, como o agronegócio e as commodities.
Hoje a demanda internacional por melhor práticas ambientais não vem apenas das autoridades de outros países, mas também dos seus cidadãos, consumidores e eleitores que cobram posições mais firmes. Essa é a nova ordem mundial, em que o conceito de ESG – de sustentabilidade, responsabilidade social e governança – pesa cada vez mais. Temos dois caminhos: ignorar a pressão externa podendo perder mercado consumidor ou buscar soluções inovadoras e colaborar com a causa ambiental. Acredito que o segundo caminho irá prevalecer no Brasil, não por apenas altruísmo, mas por razões econômicas e comerciais. Já há muitas iniciativas brasileiras nesta direção.
Enquanto o agronegócio e a produção industrial atraem mais cobranças e exigem mudanças mais profundas, as cidades e regiões inteligentes bem planejadas já nascem com as novas práticas ambientais e as soluções inovadores incorporadas aos seus planejamentos, como a mobilidade urbana. Aqui o InovAmfri deixou o seu legado para a Foz do Itajaí. Porém o Brasil ainda precisa de mais projetos e políticas públicas como o InovAmfri, bem como de uma infraestrutura digital robusta e confiável, maiores investimentos em ciência e inovação, ações concretas dos governos e a inclusão de pessoas para avançar de verdade na transformação verde. Essa não é uma missão apenas institucional. É uma missão de todos fazer prevalecer a visão de um futuro mais verde e digital.