Espaço InovAmfri
Por Paulo Bornhausen - pbbornhausen@gmail.com
*Salto de competitividade a partir da EPT*
O Brasil caminha para uma segunda década perdida. É uma triste realidade agravada pela pandemia com consequências de longo prazo. Perdemos o pico do boom demográfico, que é quando a população jovem economicamente ativa supera em número crianças e idosos. Essa é a geração cujo talento e trabalho deveriam conduzir o Brasil a patamares mais elevados de desenvolvimento. Recai sobre a próxima geração a tarefa de recolocar o país no rumo certo. Mas como fazer isso? Um dos principais entraves que precisamos atacar é a falta de preparação técnica de pessoas para as profissões do futuro.
A Educação Profissional e Tecnológica (EPT) é a modalidade de capacitação prevista em Lei que oferece aos jovens e adultos uma formação para entrar no mercado de trabalho. Na região da Foz do Itajaí, atuamos neste sentido com o Geração TEC, que ofereceu, de forma gratuita, cursos de curta duração voltados para o setor de tecnologia da informação e da comunicação.
Estabelecidas em 2020, as novas Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para Educação Profissional e Tecnológica permitirão uma necessária modernização da EPT, possibilitando que a modalidade se aproxime ainda mais do setor produtivo do futuro e ofereça aos jovens uma nova visão sobre o mercado de trabalho, fomente o empreendedorismo, estimule o pensamento crítico e inovador, e reforce a necessidade contínua de aperfeiçoamento. Ou seja, capacitar os jovens já com foco na nova economia e com a inovação em mente, tanto para os setores tradicionais que precisem de transformações tecnológicas, quanto para os segmentos na fronteira do conhecimento que demandem estímulo e dos quais o Brasil poderá se beneficiar para recuperar os anos perdidos.
A EPT é uma ferramenta para melhorar a combalida competitividade brasileira, pois mais profissionais capacitados garantem maior produtividade à economia. O Brasil segue andando de lado nos rankings internacionais de competitividade. Em 2020, por exemplo, ficamos na 57ª posição no Anuário de Competitividade Mundial do IMD World Competitiveness Center. A lista comparou o Brasil apenas com outros 64 países. Estamos muito mal. É fundamental melhorar neste quesito se quisermos nos manter entre as 15 maiores economias do mundo.
O investimento na ampliação do acesso, com a devida modernização, à Educação Profissional e Tecnológica vai ajudar nesta tarefa, além de garantir melhores empregos e aumento da renda das famílias. A maioria dos jovens brasileiros sequer conhece o ensino técnico. De acordo com uma pesquisa do Itaú Educação e Trabalho e da Fundação Roberto Marinho, 77% dos jovens no 9° ano do ensino fundamental e 1° ano do ensino médio da rede pública desconhecem a modalidade de ensino técnico. Mas o levantamento também traz um dado positivo: é grande o interesse dos alunos após tomarem conhecimento dos cursos técnicos. É neste grupo que se deve concentrar os esforços de capacitação.
Uma integração mais profunda do ensino médio com a EPT tem tudo para ser uma alternativa para os jovens que não conseguem acesso ao ensino superior. A futura geração economicamente ativa não pode ser abandonada à própria sorte justamente quando o país mais precisa que ela esteja afiada profissionalmente. O reforço do ensino médio com a EPT, oferecendo aos jovens qualificação de alto nível, trará benefícios para todos e justificará os investimentos. Sem isso, seguiremos vendo a nossa indústria encolher e ser substituída por produtos de alto valor agregado importados de outros países. Isso não é futuro; é uma fatalidade.