Coluna Tema Livre
Por Rosan da Rocha - rrocharrosan@gmail.com
Futebol e politicagem
Políticos de várias partes do mundo, mas em especial da América Latina, são useiros e vezeiros em utilizar o Futebol para politicagem.
Desde sempre a FIFA, juntamente com as Confederações de muitos países, acham que o futebol está à margem das Leis pela audiência e fortunas que arrecada, contando com o beneplácito da maioria dos governantes.
A Copa América, que seria realizada na Colômbia e Argentina, foi proibida por esses Governos em função da pandemia, mas foi transferida para o Brasil com autorização do Presidente Bolsonaro para levantar sua popularidade, mesmo no auge da pandemia e sem vacina. Para azar do Presidente o Brasil não sagrou-se campeão.
Neste fim de semana tivemos mais uma situação lamentável envolvendo o futebol Sul Americano.
Jogadores da seleção da Argentina mentiram para autoridades sanitárias brasileiras a fim de poderem jogar uma partida de futebol pelas eliminatórias da Copa do Mundo contra o Brasil. A mentira consistiu em preencher um documento público onde afirmaram que não estiveram no Reino Unido nos últimos 14 dias, mesmo morando e jogando na Inglaterra. É óbvio que as autoridades do Futebol Argentino sabiam desse engodo mas, como acharam que seria fácil enganar as autoridades de saúde do Brasil, seguiram em frente com a trama.
Acertadamente a Anvisa, juntamente com a Polícia Federal, barrou o jogo em seu início. E, dando continuidade no desrespeito ao povo brasileiro, se fazendo de vítima, a seleção da Argentina em vez de substituir os jogadores e dar continuidade à partida, resolveu se retirar de campo e não jogar mais.
É bom esclarecer que qualquer cidadão que venha de voos internacionais tem que preencher uma ficha informando se esteve ou não em alguns países onde as autoridades sanitárias brasileiras exigem quarentena ao chegarem no Brasil. Admitindo que estiveram, são recomendados a ficarem em quarentena por 14 dias para depois poderem circular normalmente. A ANVISA não coloca um funcionário guardando cada cidadão, mas se descobrir que este descumpriu as normas, notifica-o para a devida punição. Mas no caso da seleção de futebol da Argentina foi ainda pior, falsificaram um documento para participar do evento.
A atitude da seleção de Futebol da Argentina é muito grave. Cometeram, além da falsificação de documento público, um crime sanitário em um país que já sofreu muito com mais de 580 mil mortes pela COVID-19.
A seleção da Argentina merece uma punição. Mas não é somente perder os pontos da partida. Deveria ser desclassificada das eliminatórias e, por consequência, não disputar a próxima Copa do Mundo. E, se assim não fizerem, caberia aos governos do país que irá sediar a próxima Copa do Mundo em conjunto com os demais que irão participar, realizar um manifesto não permitindo a seleção da Argentina participar, sob pena de não haver o evento. Contudo, pela ingerência que a FIFA e as Confederações de Futebol exercem nos governantes de vários países, nada disso ocorrerá. Quando muito, apenas irão punir os jogadores que não poderiam estar na partida e transferi-la para outra oportunidade. E assim o futebol, o carnaval, bem como outras festas que ocorrem mundo afora, vão sendo utilizados por políticos inescrupulosos para ganharem prestígio e se elegerem. O povo segue dando audiência, festando e batendo palma para os safados.