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Por Paulo Bornhausen - pbbornhausen@gmail.com
O legado das velas
A um ano da próxima etapa da The Ocean Race em Itajaí, faço uma reflexão do que mudou na cidade e o caminho que nos levou a sediar a Fórmula Um dos Mares. Não fosse a pandemia e as Olimpíadas neste ano, já estaríamos levantando as velas para receber, pela quarta vez, a principal regata de volta ao mundo. Chamada até a última edição de Volvo Ocean Race e agora apenas de The Ocean Race, a competição foi adiada para 2022. Nada que esmoreça a nossa empolgação. Afinal, a Itajaí Stopover foi reconhecida pela organização do evento como a melhor parada da competição nas últimas duas edições. A próxima promete ser maior e com novos desafios, que, como sempre, iremos tirar de letra.
A história da The Ocean Race com Itajaí envolve o talento, o empreendedorismo e a perseverança do catarinense. Em 2009, quando decidimos trazer a competição para o estado, tínhamos acabado de perder a disputa para ser uma das sedes da Copa do Mundo. Queríamos entrar para o calendário internacional dos eventos esportivos com uma competição de alto nível. Miramos na Volvo Ocean Race e acertamos em cheio. Ter participado desta conquista é uma das grandes alegrias da minha vida pública, porque a história se mostrou acertada. Em vez de um estádio bilionário pouco usado e um rastro de obras inacabadas, Santa Catarina e Itajaí fizeram investimentos certeiros, com retornos elevados e um legado transformador, que mudou a cara da cidade para sempre.
Em 2018, a Volvo Ocean Race movimentou mais de R$ 80 milhões, segundo balanço feito pela Univali – 30% a mais do que a edição de 2015. Esse valor é quase sete vezes o montante investido. A expectativa é que a próxima edição movimente até R$ 100 milhões. Em termos de atração de visitantes, a Itajaí Stopover recebeu mais de 430 mil pessoas em 2018 – número 23% superior à parada anterior. Em todas as edições, o retorno financeiro e a movimentação de pessoas foram surpreendentes para quem não acreditava no potencial da Volvo Ocean Race. Mas, para nós, entusiastas de primeira hora, foi uma recompensa justa à altura do trabalho muito bem-feito.
Itajaí passou a ter know how na realização de eventos internacionais. Tanto que conquistou também duas paradas da regata Transat Jacques Vabre, em 2013 e 2015, além da parada da The Ocean Race para o ano que vem. A cidade se abriu para o turismo náutico. A oferta de quartos pelo setor hoteleiro foi multiplicada de 2012 para cá e bandeiras internacionais se instalaram aqui. Na esteira, o número de restaurantes, com o melhor da gastronomia local e internacional, aumentou na mesma proporção. A infraestrutura turística náutica mudou também a cara da cidade. Inaugurada em 2015, a Marina Itajaí renovou o visual do centro de Itajaí e se tornou uma das atrações da cidade. Ao lado da Vila da Regata, a marina recebe embarcações de turistas do Brasil e do mundo. A relação da cidade com o mar, uma marca histórica de Itajaí, está mais forte do que nunca, em parte por conta da The Ocean Race. O seu maior legado é, sem dúvida, o resgate da autoestima do itajaiense, que se viu espelhado na excelência e no sucesso do evento.