Somente em um país violento, com uma política de segurança pública voltada para matar ou morrer, se faz uma incursão policial para prender criminosos, em zona urbana, causando a morte, por tiroteio, de 28 pessoas.
Tal fato aconteceu recentemente no Brasil fruto da incompetência, agressividade excessiva de uma polícia despreparada e com sede de vingança.
Contudo, basta integrantes da polícia e políticos declararem que eram “tudo bandidos” para que grande parte da sociedade acredite e até defenda tal operação.
É preciso ter muita cautela quando alguma autoridade chama a vítima de uma ação sua de “bandido”. Às vezes é para justificar a atuação agressiva e abusiva para se eximir de responsabilidade.
Qualquer cidadão brasileiro para ser considerado “criminoso” é preciso ter sido processado, julgado e condenado sem direito a recurso na Justiça. Ademais, após cumprir sua pena, apesar de seus antecedentes criminais, está plenamente apto a viver livre, como qualquer um do povo, sem nenhuma restrição, além das previstas em sua condenação. É assim que consta na Constituição Federal e como tal tem que se respeitar.
À Polícia Judiciária cabe realizar prisões legais, investigar crimes com inteligência suficiente para evitar confronto e somente atirar em defesa própria ou de terceiros. Adentrar em uma comunidade densamente povoada por pessoas de bem, com 250 policiais fortemente armados para cumprir 21 mandados de prisão, arriscando matar inocentes, não prender nenhum dos que constavam nos mandados, mas matando três deles e mais outras 24 pessoas sem nenhuma comprovação de que eram criminosos perigosos e que realmente foram mortos em confronto e não sumariamente executados, é uma ação mais do que desastrosa, é uma conduta criminosa. Ainda mais quando um dos policiais, que saiu de sua residência para o trabalho, é também vítima fatal dessa fatídica operação.
Não será com a matança dessas pessoas que os traficantes deixarão de existir na localidade, aliás, esses sequer são presos. Tal fato só aumenta a ira dos verdadeiros bandidos e a revolta dos moradores contra a força pública e o Estado que só se faz presente no local quando é para prender e matar. Não se combate a criminalidade matando criminoso.
Segurança pública se faz com investigação, inteligência, prevenção, identificação e prisão.
No RJ existem mais de 1.200 favelas. Cerca de 60% delas são controladas pela milícia, 25% pela disputa de milicianos e traficantes, os restantes 15%, são comandados pelos traficantes. E o que se vê atualmente é uma polícia seletiva, que só faz incursões em favelas dominadas pelo tráfico. Esperem, aguardem a identidade, folha criminal e provas de que todos os mortos eram bandidos perigosos. Já sabemos que um inocente morreu: o policial.
Uma coisa tenho certeza: NADA JUSTIFICA tamanha violência.