A medida que envelheço, valorizo ainda mais o serenidade. Por quê? Felicidade é um desses assuntos que, pelo tamanho de sua simplicidade, torna a conversa muito difícil. Falar ou praticar coisas simples é a um dos mais complicados atos humanos.
Entra ano sai outro e insistimos com a ideia de que felicidade é o final do caminho. Almejamos tanto o propalado estado de felicidade que esquecemos completamente o que fazemos ou deixamos de fazer pelo caminho. Eis o velho ditado de que os fins “parecem” justificar os meios.
Nosso grande problema é que a felicidade está condicionada à posse. Minha felicidade ou a do outro está em possuir um bem material. A clássica pergunta que fazem os parentes distantes quando nos veem depois de algum tempo: “Como está o fulano?” é seguida de uma resposta – quase sempre- padrão: “está bem! Tem um bom emprego, casa e carro”.
A grande causa da infelicidade está na exigência de que devemos ser felizes. Começa pelos contos de fadas que terminam dizendo “e viveram felizes para sempre” como se a partir dali nada mais importasse. Felicidade é o ponto final. Mas o os erros, acertos, caminhos certos ou errados, relacionamentos, amores grandes ou medíocres? Cadê os nossos tropeços? Arrependimentos? Ou escolhas? Dúvidas? Afinal, não é disso tudo que a vida é feita?
Preste bastante a atenção em seus pedidos de final de ano. Sucesso profissional? Um grande amor? Outros mais abrangentes como paz, sucesso e... felicidade. O que faz o tempero do que somos é exatamente o meio do caminho. Tudo o que passamos ou passaremos na vida. Alguns passam toda a vida procurando a felicidade que está em pequenos gestos, declarações de amor, beijos roubados, sorrisos e amigos. A felicidade está em fazer com que os outros tenham momentos felizes.
Lembre-se sempre que o que produz em nós a infelicidade é o desejo. Queremos muitas vezes coisas que são ilusórias. Possuir um objeto novo não nos torna felizes, o que pode é nos dar a sensação de que tudo é passageiro. O mercado capitalista vende a falsa ideia de que só seremos felizes com um objeto novo em nossas propriedades. Compramos, inclusive maneiras de viver. Cuide para que o seu caminho seja feito de momentos felizes.
Às vezes me parece inútil discutirmos conceitos tão abstratos como a felicidade. O melhor é discutir o que nos afeta de verdade, a dor, a depressão, o sofrimento, a sexualidade, a vida. Para transformar o mundo o que tem que mudar são as atitudes. Muita gente ao redor do mundo está pensando, imaginando e construindo novos mundos em uma economia solidária e conectada com o que está ao redor. Deus virou dinheiro e o capitalismo está no poder, mas já morreu faz tempo.
Fica a dica:
Não mudemos apenas de ano, mudemos de atitudes diante do mundo.