Evidente que esse assamento é prestigioso – e a razão, só pode estar num sabor característico, especial como as churrascarias que usam grelha a carvão.
O preparo em fogo de verdade – e aqui fica a pecha de fogo de mentira para os elétricos e a gás – deve remeter à nossa índole de primatas, assando a caça e a pesca em fogueiras com a tribo em volta aguardando e babando de fome...
Mas retenho como absolutamente necessário que o povo dos celulares saiba que esse remanescente veio até muito recentemente – e a prova, fica aí pelos interiores, onde já se torna difícil, mas não impossível, encontrar fornos externos a lenha, para assar, principalmente, pão.
No entanto, vejo nos adeptos fervorosos da modernidade bocas de calor onde não é necessário coisa alguma além de colocar o recipiente a ser aquecido no local – nenhum outro toque.
No tempo do fogão a lenha, era preciso acordar muito mais cedo, para ir à pilha de bracatinga, escolher umas achas e cortá-las a machado, produzindo os chamados “cavacos”, quanto mais finos melhor. Esses, com algumas folhas de jornal amassado, davam início ao fogo que iria aquecer a chapa, na qual seriam preparados os alimentos. Mas não só os contidos nas panelas – dava para remover alguns anéis de ferro e grelhar direto no fogo, ou assar na própria chapa: torradas, moti (para nipônicos...), pinhões, batata doce e muita coisa mais, que tinham um sabor, nostalgia à parte, absolutamente diferenciado. Até mesmo bifes, feitos sem a frigideira como intermediária, eram mais saborosos – apesar do trabalhão que dava, depois, limpar e arear a tal chapa...
A pequena fogueira contida sob a chapa do fogão aquecia também o forno ao lado – para outras tantas iguarias: pães, o frango de domingo, bolos, biscoitos e pratos especiais como suflês, madalenas e similares. Ou mesmo, a pizza caseira, gratinados e quetais. Hoje tais acepipes podem ser feitos no fogão a gás ou restaurantes gourmet, que fazem do forno a lenha um item diferencial.
Dava mais trabalho, sim, não há dúvida possível. Toda a modernidade pode ser substituída por essa palavra: facilidade. Ou praticidade, se preferirem.
Mas então... por que “Forno a lenha!” é um item de marketing tão prestigioso?!