Ouço, muitas vezes, pessoas dizerem que o capitalismo – e sua filha maior, a sociedade de consumo - permite a liberdade e o direito de escolhas. Se assim você acredita, me explique algumas coisas: Às satisfações das necessidades humanas chamamos de CONSUMO. Mas por que mesmo compramos inutilidades e as lojas de quinquilharias made in china multiplicam-se em cada esquina? É necessidade? Do que mesmo? Você compra o que necessita ou apenas deseja? Pergunto, porque há diferença.
Se sossego e serenidade chamamos PAZ, qual é o motivo que move nossas línguas ferinas contra a vida alheia? Se somos livres, por que a vida do outro é motivo de nossas conversas e os reality show fazem tanto sucesso? Nada se espalha mais rápido do que fofoca.
Militares e religiosos têm suas bases em HIERARQUIAS. Explique-me, por favor, a frase “você sabe com quem está falando?” É afirmação de ego nessa hierarquia social, que diz ser o sobrenome mais importante do que o respeito humano?
A repetição de atos ou costumes caracteriza HÁBITOS SOCIAIS. Alguns se tornam leis não escritas e viram frases repetidas como a típica “sempre foi assim”. É bom dizer que somos nós que desenhamos a vida. Não digamos que sempre as pessoas agiram desta ou daquela forma, um dia esse ato teve início e foi imitado. Portanto, deixemos disso e estranhemos hábitos que prejudicam o outro ou a nós mesmos.
Memórias comuns caracterizam determinadas GERAÇÕES. Dizer que “no meu tempo não era assim” é afirmar que seu tempo já passou, mas afinal você está aqui e é responsável por esse tempo de agora também. Então se seus filhos consomem demais, são intolerantes com os outros ou simpatizam com ideias distorcidas sobre o mundo não se esconda em frases evasivas. Aja, porque você é responsável pela educação deles, ninguém mais. Mas também pode ser hora de rever seus conceitos.
O respeito a modos diversos de agir, pensar ou sentir denominamos ALTERIDADE. Por que mesmo somos preconceituosos com pessoas gordas ou com identidades de gênero ou etnias diversas? Por que rimos dos clichês nos programas humorísticos que ridicularizam o não normativo e nos deliciamos com a vida fictícia e ilusória das novelas?
Pois é, ouvimos que a sociedade de consumo é mesmo a possibilidade para que nossas escolhas sejam livres. Você tem certeza disso? São essas escolhas que estão gerando filhos que beiram ao abandono do que a vida tem de belo, simples e saudável.
Cuidado que os boatos são o começo da cegueira. O capitalismo é um sistema parasita e existe para lidar com dinheiro, não com humanos. E a distorção das palavras chega a reboque.
Fica a dica:
No filme Parasita (Ano 2019. Direção: Bong Joon Ho) os caminhos de duas famílias se cruzam. As interações entre elas revelam as diferenças sociais e expõem problemas de classe. Apresenta um argumento sobre a pobreza e a riqueza que adquire um tom universal.