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Por Coluna esquinas -

“Não tem boca para nada”


Acostumamo-nos com o silêncio nesse país. Não o silêncio contemplativo, mas o silêncio de apagamento. “Cala a boca preta” “Não nega a cor!” “Bugre preguiçoso” “Tem que ser índio para ter feito essa m...”  “Quem manda aqui sou eu”

 

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Cala a boca já morreu!

Observo alguns dias reações em redes sociais sobre resultados eleitorais e, impactado, leio comentários racistas, homofóbicos, xenófobos, machistas. Impressionante como essa gente estúpida está se achando empoderada com autorização de milicianos que tomaram o governo. Essas vozes que não conhecem o silêncio porque são elas que dizem “cala a boca” a quem ousa desafiá-la.

O antropólogo Darcy Ribeiro dizia que o Brasil padecia dessa “ninguendade”. Em suas palavras: “Eram todos filhos de ninguém. E dessa ninguendade nasceu um novo povo único sem precedentes no mundo”.

Sou filho de uma índia charrua que casou com um descendente germânico na periferia do Brasil. Não sou índio nem branco. Sou aquilo que, no Brasil Colônia chamavam de “filho da terra”, com muito orgulho. Não me encontro na cultura germânica e, muito menos, sou visto como um indígena. Fiquei alguns anos nesse limbo cultural sem me reconhecer. Não tenho mais esse problema, assumi que sou filho da terra que piso.

Gosto das diferenças étnico-culturais desse país. Essa multivariedade facial que se encontra nas ruas e fala em sotaques que, algumas vezes, pedem legenda para compreendermos. Esse caldeirão de povos, cores e ritmos faz a boniteza desse país.

E não é que é exatamente essa diversidade multicolorida que está sendo atacada? Vendo comentários excludentes sobre trans, negros, mulheres e indígenas que foram eleitxs, deparei com essa cena revoltante de um país em embate consigo. Esta “ninguendade” produzida na História do Brasil é a face mais visível da invisibilização do outro.

Em tão poucos caracteres é difícil ampliarmos o papo por aqui. Mas não posso deixar passar essa briga com um espelho que insiste em não ter imagens. Somos um país que não enxerga a si diante a história que coloca negros e indígenas em guerra constante para serem vistos. Um país que mais mata LGBTQI+ e mulheres. Um país que nega, insistentemente, a sua história.

Caminhando na contramão da vida, esse país não olha para o seu povo, insistindo em deixá-lo invisível. “Negro insolente!” “Índio preguiçoso!”  ainda bem que “não tem boca para nada”, hoje conquista direito de fala, defende pautas fundamentais para o futuro do país, é eleito, defende sua etnia, grita por terra e direitos. Assume o país que é seu.

O mundo é interação entre  diferenças étnico-culturais que criam e recriam modos de existência. A vida é plural. A uniformidade – além de burra – é a morte.

Fica a dica:

O filme: Que horas ela volta? (Ano 2015. Direção: Anna Muylaert). A personagem trabalha como empregada  numa casa de classe alta e expõe as diferenças entre as pessoas e como cada um enxerga a humanidade do outro.


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