No próximo domingo (dia 15 de novembro) moradores de 5570 municípios brasileiros vão escolher seus representantes nos legislativos e executivos de sua cidade. É no município que são definidas ações para a educação fundamental, pelo fomento à cultura, pela manutenção dos espaços culturais e se definem políticas públicas para o estímulo à literatura e formação de leitores. Temos outras decisões tomadas no nível municipal, mas como sou protagonista dessas áreas me sinto, hoje, no direito de declarar meu voto.
A noção de direita e esquerda é movediça, bem sei. Com a polarização que vivemos, a maioria das pessoas têm se identificado cada vez mais com um dos polos da política. Tenho meus pensamentos tranquilos sobre essa dicotomia e arrisco dizer que meu voto pede coerência com a trajetória de vida e pautas defendidas em qualquer que seja o cargo.
Mas sabe o que não passa pela minha paciência? Falta de caráter. Não estou aqui falando de política partidária, mas de políticas públicas que impedem que um se meta no quintal alheio e se ache no direito de remexer a terra, estragar o jardim e quebrar a cerca. Isso é fascismo.
Deixo aqui algumas pautas das quais não abro mão. Não abro mão de visões de mundo que considerem toda forma de exploração e opressão como algo a ser combatido. Se há exploração ou opressão não há vida e, muito menos, liberdade.
Não voto em pessoas, voto em ideais. A escolha é ética. Como ser conivente com mudanças em leis trabalhistas criadas para minimizar desigualdades?
Outras pautas precisam ser ouvidas. Não sou contra riqueza, fartura ou conforto. O que não é aceitável é que humanos morem em ruas, recolham restos consumistas em lixeiras ou contem moedas para as necessidades básicas. Não sou contra o consumo, mas contra o lixo que esse produz sem dar o destino correto. Não sou contra a fé de cada um, sou contra o uso da fé como justificativa para o ódio, violência e extermínio.
Minhas escolhas falam sobre a existência de famílias diferentes. Não certas ou erradas. Diferentes! E merecem nosso respeito. Respeito pede que aceitemos quem é diferente de nós. E ponto. Sou a favor do direito de LGBTQI+, de negros, de indígenas, de mulheres. Combato qualquer forma de preconceito. Não é possível termos um mundo sem acolhimentos. Um mundo que é permissivo com o extermínio de minorias, homofobia ou feminicídio.
Moramos no país que mata mulheres, gays, moradores de rua, prostitutas, indígenas. Precisamos de números?
• A cada seis horas uma mulher é morta no país. MACHISMO!
• A cada dezesseis horas uma pessoa é morta por sua orientação sexual no país. HOMOFOBIA!
• 75,6 % dos assassinatos no Brasil é na população negra. RACISMO!
Sim, hoje declaro meu voto. Reconheço que somos múltiplos e por isso voto com quem ainda pulsa e acredita que a vida merece respeito.