Coluna Existir e Resistir
Por Coluna Existir e Resistir -
Somos um país racista
Brasil em dados:
População total: de 191 de milhões de habitantes;
População Negra: 97 milhões – o equivalente a 51%;
Mulheres negras: 47 milhões de pessoas, 25% da população total;
O Brasil é o maior país do mundo em população afrodescendente fora do continente africano. É o segundo país em população negra depois da Nigéria e o último país a abolir a escravidão negra. Foi também o país que mais importou africanos para serem escravizados. (Dados do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e IPEA, 2010).
Somos um país racista. A possibilidade dessa afirmação é relativamente recente e resulta de uma conquista histórica do movimento negro brasileiro, conquista que se alcançou com muita luta, muitos debates e muitos embates na sociedade e no poder público, mas o reconhecimento veio.
Nas pesquisas de percepção, que apontam que 87% da população brasileira (Dado da Pesquisa da Fundação Perseu Abramo de 2003) afirma que o Brasil é um país racista; na criação de uma secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial com status de Ministério, ao qual inspirou a criação de outras tantas nos níveis municipal e estadual; na formulação de políticas públicas para o enfrentamento do racismo, inclusive as cotas raciais nas universidades; na ampliação e no aprofundamento de pesquisas e estudos em diversos campos a respeito do racismo, de suas manifestações e impactos; nos dados demográficos, nos registros administrativos; e agora, até nos dados eleitorais desagregados por raça/cor. Em todos esses elementos, em cada um desses instrumentos, gerou-se a possibilidade de visualização e de convencimento sobre a existência inescapável do racismo.
Reconhecer a existência dessa dimensão da desigualdade que tão profundamente estrutura nossa sociedade e nosso Estado é essencial para enfrentá-la. E reconhecer que ela se manifesta e se expressa em diferentes níveis, a partir de diferentes mecanismos, também é fundamental para avançarmos em direção a uma sociedade mais justa e igualitária.
Entendemos que o racismo pode se expressar no nível pessoal e internalizado, determinando sentimentos e condutas; no nível interpessoal, produzindo ações e omissões; e também no nível institucional, resultando na indisponibilidade e no acesso reduzido a serviços e a políticas de qualidade; no menor acesso à informação; na menor participação e controle social; e na escassez generalizada de recursos. Estamos certas de que o caminho de enfrentamento ao racismo iniciado há alguns anos pelo Estado brasileiro está apenas começando a ser trilhado. Confiantes na decisão e no compromisso do Estado e da sociedade brasileira com o combate a todas as formas de racismo e ao racismo institucional em particular, oferecemos esse instrumento que se segue. Esperamos que ele produza maior consciência sobre o problema e que dê a dimensão da urgência das respostas e soluções necessárias.
Fragmento de texto retirado do Guia de Enfrentamento do Racismo Institucional, Realização: Geledés – Instituto da Mulher Negra, Ano 2013. Disponível em http://www.onumulheres.org.br/wp-content/uploads/2013/12/Guia-de-enfrentamento-ao-racismo-institucional.pdf