
Coluna Existir e Resistir
Por Coluna Existir e Resistir -
25 de julho – dia Internacional da mulher negra latino-americana e caribenha
A população negra é maioria no Brasil, mais precisamente 54%, segundo o IBGE. De acordo com a associação de Mujeres Afro, na América Latina e no Caribe, 200 milhões de pessoas se identificam como afrodescendentes. Porém, tanto no Brasil quanto fora dele, essa parcela populacional também é a que mais sofre com a pobreza: três em cada quatro são pessoas negras, ainda segundo o IBGE.
Os dados sobre violência e desigualdade, de acordo com o Mapa da Violência, demonstram essa e outras realidades que atingem massivamente a população negra (com destaque no texto à condição da mulher negra). Em 1992, um grupo decidiu que era preciso se organizar de alguma forma para reverter esses dados e que uma solução só poderia surgir da própria união entre mulheres negras.
Assim, elas organizaram o primeiro Encontro de Mulheres Negras Latinas e Caribenhas em Santo Domingo, na República Dominicana, onde levaram ao evento, discussões sobre os diversos problemas e alternativas de resolvê-los. A partir desse encontro, nasceu a Rede de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-Caribenhas. A Rede, junto à Organização das Nações Unidas (ONU), lutou para o reconhecimento do dia 25 de julho como o Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha.
No Brasil, em 2 de junho de 2014, foi instituído por meio da Lei nº 12.987, o dia 25 de julho como o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, homenageando uma das principais mulheres, símbolo de resistência e importantíssima liderança na luta contra a escravização.
E você sabe quem foi Tereza de Benguela e a verdadeira importância dela na história?
Quando dizemos que Tereza de Benguela foi uma líder quilombola, a grande verdade é que muitas vezes não percebemos a dimensão do cargo.
Liderar um quilombo era liderar toda a sua estrutura administrativa para fazer a “roda girar”, ou seja, as pessoas que ali viviam sob a proteção do quilombo, precisavam da estrutura para se alimentar, vestir e se defender.
Tenha em conta que os líderes quilombolas sempre eram homens. Quem nunca ouviu falar de Zumbi dos Palmares? Sendo assim, o cargo para Tereza de Benguela veio por conta da morte do seu marido, Zé Piolho.
Tereza de Benguela teve que assumir o comando do Quilombo do Quariterê (no Mato Grosso), revelando-se uma líder ainda mais implacável que o seu marido. Rainha Tereza, como ficou conhecida por todos, criou uma espécie de Parlamento, coordenou a plantação de algodão para vestimenta, plantação de milho, feijão, mandioca, para alimentação do seu povo. Fora o sistema de defesa criado mediante a troca ou resgate de armamento.
Durante décadas a Rainha Tereza de Benguela esteve a frente do Quilombo protegendo negros e índios da escravidão.
Portanto, o dia 25 de julho não é apenas uma data de celebração, é uma data em que as mulheres negras, indígenas e de comunidades tradicionais refletem e fortalecem as organizações voltadas às mulheres negras e suas diversas lutas e toda sociedade sendo negra ou não precisa conhecer e reconhecer para definitivamente valorizar.
Textos publicados em http://www.palmares.gov.br e http://www.geledes.org.br, adaptado e compilado por Fernanda Cristina da Luz.